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    Epidemiologista: ‘Enquanto você escolhe vacinas, o vírus pode escolher você’

    À CNN, a ex-coordenadora do PNI, Carla Domingues, disse que "claramente" já há redução de casos em consequência da vacinação no Brasil

    Produzido por Layane Serrano, da CNN São Paulo

     

    O Brasil chegou ao começo do segundo semestre de 2021 com 103 milhões de doses aplicadas e 16% da população passível de vacinação tendo tomado a primeira e segunda doses. Dois grandes problemas vêm sendo debatidos entre os especialistas: há um gargalo entre os que não voltaram para receber a segunda dose e os chamados ‘sommeliers de vacina’, que não aceitam receber imunizantes de determinados fabricantes. 

    A respeito disso, a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), disse à CNN que a politização das vacinas contra a Covid-19 atrapalha o alcance da proteção coletiva. “Nós temos que lembrar que, enquanto você está escolhendo vacinas, o vírus pode escolher você.”

    Ela reitera que, em outras campanhas, enquanto esteve à frente do PNI, esse comportamento não era comum.

    “Já tivemos várias campanhas da vacina da gripe, sarampo, H1N1, em que se utilizou mais de três fabricantes diferentes, e a população nunca foi ao posto de saúde perguntar qual é a marca da vacina e, principalmente, nunca saiu da fila deixando de ser vacinada.”

    Em relação à parte da população que, mesmo tendo sido convocada, não compareceu para ser imunizada, ela afirma que os dados de hoje já comprovam o efeito positivo da vacina contra a Covid-19.

    “Quanto a essa população que não quer ser vacinada, basta a gente mostrar os números para ela comprovando que, dentre a população idosa que já foi vacinada, a taxa de infecção e de óbitos reduziu drasticamente. Quando nós olhamos Serrana e Botucatu, que fizeram vacinação em massa, os números de casos e óbitos quase desapareceram.”

    Domingues analisa que os brasileiros deixaram de acreditar na vacina, e é preciso resgatar essa credibilidade e comprometimento com a carteira de vacinação para que a doença seja combatida.

    “Precisamos resgatar essa consciência coletiva do nosso país que sempre compareceu aos chamados do Ministério da Saúde tendo elevadas coberturas vacinais em nossas campanhas.”

    PNI

    Para a ex-coordenadora do programa, o Brasil começou a “entrar no rumo correto”, quando retomou a vacinação por faixa etária.

    Nós vimos que incluímos umas [profissões] e deixamos tantas outras de fora, criando uma disparidade, uma desigualdade nos municípios. Agora, restabelecendo a vacinação por idade, acho que vamos fazer uma vacinação mais justa, equitativa e universal.”

    A epidemiologista afirmou que “claramente nós já estamos vendo a redução no número de casos e o impacto da vacinação”. Mas ressaltou que “ainda estamos muito longe da nossa meta que é vacinar 160 milhões de brasileiros com duas doses”. Para isso, o Brasil necessita aplicar 320 milhões de doses.

    “Temos um segundo semestre com muito trabalho e esforço, tanto dos serviços de saúde na esfera municipal, estadual, quanto do ministério [da Saúde] em garantir as vacinas, mas também da população em comparecer quando for convocada e, principalmente, retornar para receber a segunda dose”, defende.

    Epidemiologista Carla Domingues (04-07-2021)
    Epidemiologista Carla Domingues (04-07-2021)
    Foto: CNN / Reprodução