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    Entenda os riscos da infecção por varíola dos macacos em grávidas

    Transmissão do vírus para o feto pode ocorrer através da placenta da mãe, o que leva à varíola congênita

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    As informações científicas disponíveis sugerem que o contágio pela varíola dos macacos durante a gravidez pode apresentar riscos para o feto.

    No entanto, órgãos como a Organização Mundial da Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, afirmam que os dados sobre a infecção durante a gestação são limitados neste momento.

    Não se sabe, por exemplo, se as gestantes são mais suscetíveis ao vírus ou se a infecção é mais grave na gravidez. A transmissão do vírus pode ocorrer através da placenta da mãe para o feto, o que pode levar à varíola congênita, ou durante o contato próximo no momento e após o nascimento.

    A OMS afirma que mais pesquisas são necessárias para o entendimento dos riscos da varíola durante a gestação e como o vírus pode ser transmitido para o feto no útero ou para o recém-nascido durante ou após o nascimento, ou durante a amamentação.

    Por isso, a recomendação da OMS é de que mulheres grávidas evitem o contato próximo com qualquer pessoa diagnosticada com a doença. Diante da suspeita de exposição, deve-se buscar atendimento médico para testagem e implementação de cuidados necessários.

    O Ministério da Saúde publicou uma nota técnica com orientações específicas sobre a infecção por gestantes, mulheres que tiveram filho recentemente (puérperas) e em fase de aleitamento.

    De acordo com o documento, o acompanhamento deve ser realizado seguindo o momento da infecção e o período gestacional.

    A nota informa que as gestantes apresentam sintomas semelhantes às mulheres não gestantes, quadros leves e autolimitados. Além disso, não há indicação de antecipar o parto.

    Apesar da doença causada pelo vírus monkeypox ser considerada uma doença autolimitada, que geralmente apresenta cura espontânea, em alguns casos, pode haver a necessidade de tratamento medicamentoso específico, sobretudo em pessoas imunossuprimidas.

    Na maioria das vezes, só há indicação de uso de tratamento sintomático para febre e dor. Nos casos que apresentem lesões mais significativas, podem ser consideradas medicações após avaliação médica.

    A médica infectologista Natalie Del Vecchio, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), explica que o vírus pode atravessar a placenta e atingir o feto.

    “É reconhecida a transmissão materno-fetal a partir da placenta, originando a doença congênita, abortamento espontâneo, óbito fetal e parto prematuro. Entretanto, dados sobre a doença na gestação são limitados por se tratar de uma doença nova e com poucos estudos”, afirma Natalie.

    A especialista recomenda que as gestantes sejam acompanhadas e o uso de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde.

    “A puérpera deve permanecer em local de precaução de contato e gotícula, ideal quarto privativo, mantendo-se a segurança das demais pacientes”, explica.

    De acordo com a infectologista, a cirurgia cesariana não é indicada e a escolha do parto é baseada nas indicações obstétricas.

    “A indicação da cesárea ocorre quando a paciente apresenta lesão genital, porque há risco de contato e infecção neonatal no momento da passagem pelo canal de parto”, pontua.

    Isolamento e amamentação

    Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) alertam que, devido ao risco de transmissão e ao potencial risco de doença grave para recém-nascidos, o contato direto entre a paciente em isolamento e a criança não é recomendado.

    A separação da paciente e o recém-nascido, inclusive entre cômodos, é a melhor maneira de prevenir a transmissão para a criança. O CDC afirma que a paciente deve ser aconselhada sobre o riscos de contágio e de doença grave para o recém-nascido.

    Na impossibilidade de manter o isolamento, o CDC recomenda que não deve haver contato direto pele a pele.

    O recém-nascido deve estar completamente vestido ou enfaixado e, após o contato, a roupa ou cobertor devem ser retirados e trocados.

    Além disso, luvas e aventais novos devem ser usados ​​pela paciente em todos os momentos. A paciente deve usar máscara durante o encontro com a criança.

    Em relação à amamentação, o CDC recomenda o adiamento até que os critérios para descontinuar o isolamento sejam atendidos, o que inclui a melhora das lesões, com a queda das crostas e formação de nova pele.

    Outras recomendações

    A principal forma de transmissão da varíola dos macacos é por meio do contato direto pessoa a pessoa, chamado de pele a pele.

    O contágio pode acontecer a partir do contato com lesões cutâneas, crostas ou fluidos corporais de uma pessoa infectada, pelo toque em objetos, tecidos (roupas, lençóis ou toalhas) e superfícies que foram usadas por alguém com a doença, além do contato com secreções respiratórias.

    O Ministério da Saúde recomenda evitar contato próximo com pessoas com suspeita ou diagnóstico da doença, além da higienização das mãos com água e sabão ou com álcool em gel antes de comer ou tocar no rosto como uma medida de prevenção.

    Diante de algum sintoma suspeito (veja abaixo), as pessoas devem procurar atendimento médico em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para avaliação.

    As recomendações do Ministério da Saúde para gestantes, puérperas e lactantes são:

    • Evitar contato com pessoas que apresentem sintomas suspeitos
    • Usar preservativo em todos os tipos de relações sexuais (oral, vaginal ou anal)
    • Observar possíveis lesões nos parceiros
    • Manter uso de máscaras, principalmente em ambientes com potencialmente infectados
    • Buscar assistência médica diante de sintomas suspeitos
    Lesões na pele são um dos principais sintomas da varíola dos macacos / Kateryna Kon/Science Photo Library/Getty Images

    Sintomas da doença

    A varíola dos macacos, na maioria dos casos, evolui sem complicações e os sinais e sintomas duram de duas a quatro semanas.

    As manifestações clínicas habitualmente incluem lesões na pele na forma de bolhas ou feridas que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais.

    No entanto, o surto atual da doença tem apresentado características epidemiológicas diferentes, com sintomas que podem ser bastante discretos.

    Na forma mais comum documentada da doença, os sintomas podem surgir a partir do sétimo dia com uma febre súbita e intensa.

    São comuns sinais como dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e principalmente o aparecimento de inchaço de gânglios, que pode acontecer tanto no pescoço e na região axilar como na parte genital.

    Já a manifestação na pele ocorre entre um e três dias após os sintomas iniciais. Os sinais passam por diferentes estágios: mácula (pequenas manchas), pápula (feridas pequenas semelhantes a espinhas), vesícula (pequenas bolhas), pústula (bolha com a presença de pus) e crosta (que são as cascas de cicatrização).

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