Herpes-zóster: conheça causas, sintomas e tratamento
Doença, que também é chamada de cobreiro, é causada pelo vírus varicela-zoster – o mesmo responsável pela catapora
Causada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo responsável pela catapora, a herpes-zóster é uma doença que se manifesta na pele, gerando erupções cutâneas que duram de duas a quatro semanas.
Nos Estados Unidos, a senadora Dianne Feinstein, democrata californiana de 89 anos, anunciou o diagnóstico da doença viral em fevereiro de 2023 e enfrentou complicações nos meses seguintes à contaminação.
Dianne apresentou uma condição rara chamada síndrome de Ramsay Hunt, que fez com que o rosto do astro pop Justin Bieber ficasse parcialmente paralisado em junho de 2022.
Outro exemplo similar aconteceu no Brasil, com a senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), que relatou uma paralisia facial causada pelo vírus no início de 2023.
Para evitar complicações, é importante ter um diagnóstico precoce e iniciar o tratamento nos primeiros dias de aparecimento das lesões na pele.
Saiba quais os sintomas, o tratamento e como prevenir a doença.
O que é herpes-zóster?
A herpes-zóster, popularmente conhecida como cobreiro, é uma inflamação viral nos nervos da pele, que se manifesta por meio de lesões avermelhadas, doloridas e com bolhas.
Causada pelo vírus varicela-zoster, a herpes na pele pode ter complicações, por isso é importante buscar atendimento médico ao identificar os sintomas da doença.
Em entrevista à CNN Rádio, no Correspondente Médico, o infectologista Clóvis Arns da Cunha explicou que ela se difere da herpes simples.
Embora sejam do mesmo gênero, a simples costuma ter vesículas no lábio, genitais e braços, e “tem muita recidiva, que pode aparecer em quadros de stress”, de acordo com o infectologista.
A medicação é antiviral e não há vacina contra ela.
Já a zoster geralmente “acomete um lado do corpo só, na região do olho e na testa ou no peito e costas”, segundo Arns.
De acordo com o Ministério da Saúde, a região torácica costuma ser a mais comprometida, representando 53% dos casos.
O que causa a herpes corporal?
O infectologista Clóvis Arns explicou que a herpes pode se manifestar como uma reativação do vírus varicela-zoster em momentos de imunidade baixa.
Segundo o especialista, quem teve contato com o vírus da catapora, tendo evoluído para a doença ou ficado assintomático, permanece com ele latente no corpo.
Dessa forma, “a partir dos 50 anos, quando diminui a capacidade de defesa do corpo, essa parcela da população tem risco maior de ter zoster.”
Além da idade, outros fatores podem reduzir a capacidade de defesa do sistema imunológico, como:
- estresse;
- imunossupressão;
- infecções virais, como a Covid-19;
- doenças crônicas, como diabetes e câncer;
- uso de medicamentos específicos, como corticoides e quimioterápicos.
Durante a pandemia, os casos de herpes aumentaram 35%. Em entrevista à CNN, a dermatologista Adriana Vilarinho relacionou esse cenário ao estresse.
Segundo a especialista, o estresse “abaixa a imunidade, fragilizando a exposição a doenças tanto virais quanto infecciosas”.
Adriana também explicou que as alterações inflamatórias causadas pela Covid podem gerar esse mesmo efeito.
Quais são os sintomas do herpes-zóster?
A pele dolorida é um dos primeiros sinais de herpes-zóster e, para algumas pessoas, a dor é intensa. Pode criar uma sensação de queimação, a pele pode formigar ou ficar sensível ao toque, de acordo com a Mayo Clinic.
De acordo com Arns, a pele fica vermelha e “há dezenas, às vezes centenas, de bolhas de água.”
“Essa fase apresenta dor”, disse ele, e a principal complicação vem três meses depois, na fase da neurite, ou seja, inflamação dos nervos.
“O paciente muitas vezes continua com dor por meses”, disse, ao reforçar que idosos têm maior chance dessa dor intensa.
Os sinais do cobreiro podem ocorrer em outros locais do corpo, como rosto e couro cabeludo, mas a apresentação mais comum é no tronco e apenas em um lado do corpo.
Uma erupção vermelha começará a se desenvolver no local da dor dentro de alguns dias. A lesão geralmente começa como uma pequena mancha dolorosa, que depois se espalha como “uma faixa de bolhas que envolve o lado esquerdo ou direito do torso”, informa Mayo Clinic.
Em casos raros, a erupção pode se espalhar e ficar semelhante aos sintomas de catapora, geralmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
Além da dor, algumas pessoas podem apresentar outros sintomas, como:
- sensibilidade à luz;
- dor de estômago;
- dor de cabeça;
- calafrios;
- fadiga;
- febre.
Consulte um médico se você tiver mais de 50 anos, tiver um sistema imunológico enfraquecido, a erupção cutânea for generalizada e dolorosa ou caso a dor e a lesão na pele ocorrerem perto de um olho.
“Se não for tratada, esta infecção pode levar a danos oculares permanentes”, de acordo com a Mayo Clinic.
Herpes-zóster é contagiosa?
O vírus varicela-zoster é altamente contagioso quando na fase de bolhas, espalhando-se pelo contato direto com o fluido dessas bolhas e por meio de partículas virais no ar.
No entanto, você não pode pegar herpes-zóster de alguém contaminado com o vírus.
Se você não foi vacinado contra a catapora ou não a teve anteriormente e foi infectado por essa pessoa, desenvolverá a catapora, o que o colocará em risco de ter herpes no futuro, disse o CDC.
As pessoas infectadas pelo vírus podem evitar a propagação cobrindo a erupção e não tocando ou coçando as vesículas elevadas que formam a lesão, afirmou o CDC. Além disso, é importante lavar as mãos com frequência.
“Pessoas com herpes-zóster não podem espalhar o vírus antes que suas bolhas apareçam ou depois que as crostas surgem”, explica o CDC.
Se a erupção estiver coberta, o risco de transmissão “é baixo”, disse o CDC. “Pessoas com catapora são mais propensas a espalhar (o vírus) do que pessoas com herpes-zóster”.
Possíveis tratamentos para herpes-zóster
Se você apresenta os sintomas do herpes-zóster, busque atendimento médico o mais rápido possível, recomenda o CDC.
Quando detectado precocemente, existem medicamentos antivirais, incluindo aciclovir, valaciclovir e famciclovir, que podem reduzir a duração e a gravidade da doença.
“Esses medicamentos são mais eficazes se você começar a tomá-los o mais rápido possível após o aparecimento da erupção cutânea”, disse o CDC.
Os médicos também podem recomendar analgésicos de venda livre ou prescritos para a queimação e a dor, enquanto loção de calamina, compressas úmidas e banhos de aveia podem aliviar a coceira.
Para adultos mais velhos, grupo com maior probabilidade de desenvolver a doença, o melhor tratamento é a prevenção.
A Food and Drug Administration, agência dos EUA semelhante à Anvisa, aprovou uma vacina de duas doses chamada Shingrix em 2017 para pessoas com 50 anos ou mais.
“Shingrix também é recomendada para adultos de 19 anos ou mais que tenham o sistema imunológico enfraquecido por causa de doença ou terapia”, disse o CDC.
A Shingrix, que não é baseada em um vírus vivo, é mais de 90% eficaz em estimular o sistema imunológico a reconhecer e estar pronto para combater o vírus, de acordo com sua fabricante, a GlaxoSmithKline.
Qualquer pessoa que tenha tido uma reação alérgica grave a uma dose de Shingrix ou seja alérgica a qualquer um dos componentes da vacina deve evitá-la, disse o CDC.
“As pessoas que atualmente têm herpes-zóster e mulheres grávidas ou amamentando devem esperar para receber Shingrix”, disse o CDC.
Outra vacina chamada Zostavax, que a FDA aprovou para pessoas com mais de 50 anos em 2006, é 51% eficaz na prevenção de herpes, de acordo com o CDC.
Zostavax é baseada em um vírus vivo, a mesma abordagem usada para a vacina contra catapora recomendada na infância. Não é vendida nos Estados Unidos desde novembro de 2020.
Posso voltar a ter a herpes corporal?
Sim, os quadros de herpes corporal podem se repetir. Isso normalmente acontece quando o sistema imunológico está comprometido e, portanto, mais suscetível a doenças.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de herpes na pele normalmente é realizado por meio de análise clínica e, segundo o Ministério da Saúde, exames laboratoriais podem ser solicitados para fazer o diagnóstico diferencial em casos mais graves.
Nesses casos, é possível realizar testes sorológicos ou biópsia, por exemplo.
Além do exame físico durante a consulta, o médico pode avaliar o histórico do paciente para descobrir se houve quadro de catapora ou se existe algum fator de risco.
Complicações de herpes-zóster
Cerca de 1 em cada 10 pessoas desenvolverá uma condição dolorosa e possivelmente debilitante chamada neuralgia pós-herpética, ou dor nervosa de longo prazo.
Nesse caso, todos os outros sinais na pele podem desaparecer, mas a área permanece extremamente dolorosa ao toque. Com menos frequência, pode ocorrer coceira ou dormência.
A condição raramente afeta pessoas com menos de 40 anos, disse o CDC. Os adultos mais velhos são mais propensos a ter dor mais intensa que dura mais tempo do que uma pessoa mais jovem com herpes-zóster. Para alguns, a dor no nervo pode ser devastadora.
“Cinco anos depois, ainda tomo remédios prescritos para dor”, disse um harpista de 63 anos que compartilhou sua história no site do CDC.
“Minhas erupções cutâneas rapidamente se desenvolveram em feridas abertas e escorrendo que em apenas alguns dias exigiram que eu fosse hospitalizado”, completou.
“Eu não conseguia comer, dormir ou realizar até mesmo as tarefas menores. Era totalmente debilitante. A dor ainda limita meus níveis de atividade até hoje”, disse o músico, que não consegue mais tocar harpa devido à dor.
Como se prevenir da herpes-zóster?
A principal forma de prevenção da herpes corporal é a vacinação, como lembrou o infectologista Clóvis Arns. A vacina é indicada para pessoas de 50 anos ou mais ou acima de 18 anos que são imunossuprimidas.
São duas doses, com intervalo de dois a seis meses, sem necessidade de reforço, com eficiência entre 90 e 95%.
Vale lembrar também das vacinas tríplice viral (caxumba, rubéola e sarampo) e tetraviral (caxumba, rubéola, sarampo e varicela), que imunizam crianças contra a catapora.
Além disso, o Ministério da Saúde destaca outros cuidados para evitar a disseminação do vírus, como:
- fazer isolamento até que as lesões evoluam para crostas;
- lavar as mãos após o contato com as lesões;
- realizar a desinfecção de objetos.
Qual é a relação entre herpes-zóster e catapora?
Apesar de serem doenças diferentes, herpes e catapora apresentam um fator em comum: as duas são causadas pelo mesmo vírus, o varicela-zoster.
A contaminação do vírus é a mesma, mas os sintomas e a evolução do quadro são diferentes para cada uma dessas doenças.
Se você nunca teve catapora, por exemplo, não pode pegar o cobreiro. No entanto, uma vez que você teve catapora, o vírus permanece inativo nos neurônios sensoriais da coluna vertebral, possivelmente entrando em erupção anos depois como herpes.
Duas doses de vacina contra catapora para crianças, adolescentes e adultos, introduzidas em 1995, são 100% eficazes na prevenção de casos graves da doença, de acordo com o CDC. A imunidade dura de 10 a 20 anos, observou o CDC.
No pequeno número de pessoas que ainda contraem catapora após a vacinação, a doença é geralmente mais branda, com poucas ou nenhuma bolha.
O CDC recomenda que a vacina seja administrada a crianças em duas doses, a primeira entre 12 e 15 meses e a segunda entre 4 e 6 anos.
Qualquer pessoa com 13 anos ou mais que não tenha evidência de imunidade pode receber duas doses com quatro a oito semanas de intervalo, disse o CDC.
Algumas pessoas não devem tomar a vacina, incluindo mulheres grávidas, pessoas com certas doenças do sangue ou em terapia imunossupressora prolongada, com doença moderada ou grave, entre outras.
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