Entenda como funciona o Paxlovid, liberado pela Anvisa para venda em farmácias
Venda em farmácias deve ser feita sob prescrição médica, com dispensação e orientação pelo farmacêutico ao paciente sobre o uso correto do medicamento, segundo a Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a venda do medicamento Paxlovid, utilizado no tratamento da Covid-19, em farmácias do país. A aprovação foi definida por unanimidade pela diretoria colegiada da agência.
A venda em farmácias deve ser feita sob prescrição médica, com dispensação e orientação pelo farmacêutico ao paciente sobre o uso correto do medicamento.
Segundo a Anvisa, a autorização prevê ainda que o fabricante deve manter e priorizar o abastecimento para o programa do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como funciona o Paxlovid
Os medicamentos antivirais, como o Paxlovid, utilizam diferentes mecanismos com o objetivo de frear a ação dos vírus. Alguns contam com propriedades que impedem os microrganismos de invadir as células humanas, parte fundamental do processo de infecção. Outros agem diretamente sobre as informações genéticas do vírus, enfraquecendo a replicação viral.
O objetivo final desse tipo de medicamento é preservar o organismo e impedir a evolução e o agravamento da doença. Para que isso aconteça, os eles precisam ser administrados ainda na fase inicial da infecção – de preferência, entre o primeiro e o quinto dia do aparecimento dos sintomas. Isso porque a ação dos antivirais está condicionada à presença de uma maior quantidade de vírus no organismo, ou seja, uma alta carga viral.
O Paxlovid é composto por comprimidos de nirmatrelvir e ritonavir embalados e administrados juntos. A apresentação é de comprimido revestido, na concentração de 150 mg em cada comprimido de nirmatrelvir e 100 mg em cada comprimido de ritonavir. Utilizado no tratamento do HIV, o ritonavir faz parte da classe de inibidores de protease, que são substâncias capazes de inibir a ação de enzimas associadas à replicação viral.
A indicação de uso é voltada para o tratamento da Covid-19 em adultos que não requerem oxigênio suplementar e que apresentam risco aumentado de agravamento da doença como pessoas não vacinadas, idosos ou imunossuprimidos.
A posologia recomendada é de 300 mg de nirmatrelvir (dois comprimidos de 150 mg) com 100 mg de ritonavir (um comprimido de 100 mg), todos tomados juntos por via oral, duas vezes ao dia, durante cinco dias.
De acordo com a Anvisa, o medicamento deve ser administrado assim que possível, após o resultado positivo do teste diagnóstico para a doença e avaliação médica, e no prazo de cinco dias após o início dos sintomas.
O uso do Paxlovid foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para pacientes com quadros leves e moderados de Covid-19 que apresentam maior risco de internação hospitalar em abril.
Prescrição médica
O medicamento deve ser dispensado exclusivamente pelo farmacêutico, que deve informar ao usuário que o medicamento é de uso individual e exclusivo ao paciente que passou por avaliação médica e que recebeu a prescrição.
A Anvisa destaca que o Paxlovid não deve ser utilizado por indivíduos sem a devida avaliação médica. Além disso, o medicamento não está autorizado para tratamento de pacientes que requerem hospitalização devido a manifestações graves ou críticas da Covid-19.
Entre as limitações de uso, a Anvisa informa que o medicamento também não está autorizado para profilaxia pré ou pós-exposição para prevenção da infecção pelo coronavírus. O Paxlovid também não está autorizado para uso por mais de cinco dias.
Diante da ausência de dados do uso do Paxlovid em mulheres grávidas, a Anvisa orienta que seja evitada a gravidez durante o tratamento e, como medida preventiva, até sete dias após o término do uso.
O medicamento também não é recomendado para pacientes com insuficiência renal grave ou com falha renal, uma vez que a dose para essa população ainda não foi estabelecida, de acordo com a Anvisa.
O Paxlovid, utilizado no tratamento da Covid-19, teve seu uso emergencial aprovado no Brasil em 30 de março. O fármaco já possui aprovação para uso emergencial nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration (FDA); na Europa pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), no Canadá, na China, na Austrália, no Japão, no Reino Unido e no México.