Em vídeos na internet, influenciadora desmistifica Síndrome de Tourette
No quadro Correspondente Médica, Stephanie Rizk fala sobre distúrbio neurológico que causa 'tiques' compulsórios em pacientes
Na edição desta terça-feira (14) do quadro Correspondente Médica, do Novo Dia, a cardiologista Stephanie Rizk aborda a Síndrome de Tourette, um quadro neurológico que ganhou atenção na internet através de uma influenciadora digital. Segundo a youtuber Joyce Luz, de 18 anos, o conteúdo produzido busca quebrar tabus com deficiências ocultas e mostrar seu dia a dia para que outras pessoas não tenham vergonha de assumirem a condição.
“Recebi meu diagnóstico tarde porque meus sintomas foram aparecer fortemente mais tarde, o que é incomum. Mas você que tem uma filha de cinco ou seis anos que está tendo ‘tiques’, aproveite esse embalo para saber se seu filho tem Tourette ou não. É uma síndrome desconhecida, poucos médicos conhecem”, diz Joyce em um dos seus vídeos.
A doença caracteriza-se como um distúrbio neuropsiquiátrico relacionado ao desenvolvimento da coordenação motora. O principal sintoma é a execução de movimentos involuntários, os chamados “tiques”, tanto na parte motora quanto vocal. Em diversos casos, a Tourette está associada com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
“O diagnóstico se dá em torno de três a quatro anos de idade. O pico da gravidade é de 11 a 12, é justamente naquela fase da pré-adolescência, que a criança está na escola e, de repente, solta esses barulhos e tiques e as pessoas acabam julgando, porque é o desconhecido”, explicou Rizk, que descartou a possibilidade de novos diagnósticos em maiores de idade.
Ainda segundo a doutora, a identificação da doença dura pelo menos um ano. “Esse critério faz parte do tempo do diagnóstico. Esses tiques vêm em onda, com frequências, pioram com o estresse.”
O tratamento, porém, traz dados animadores. Segundo a cardiologista, entre 50 a 70% dos pacientes apresentam melhora no quadro com a realização dos cuidados instituídos, praticamente anulando os sintomas na fase adulta. “1% acaba persistindo com esse sintoma, mas hoje tem tratamento e terapia cognitiva comportamental que segura os sintomas e não deixa nada tão exagerado”, disse.
Uma das formas de tratamento, explicou Rizk, é através do uso de medicamentos. Os remédios utilizados regulam as vias dopaminérgicas – por onde transita a dopamina, que transmite informações entre os neurônios do cérebro. A terapia, por outro lado, ajuda na prevenção mecânica dos tiques.
“É uma coisa premonitória. O paciente sabe que vai ter o tique, então ele aprende a prevenir a manifestação do sintoma com uma posição específica”, afirmou.
Stephanie Rizk também elogiou o trabalho da youtuber Joyce Luz ao explicar sobre a doença pela internet. “Fico até arrepiada, essa menina é um ser iluminado. Ela deveria ter milhões de seguidores. Que outras pessoas desmitifiquem essa doença e que a gente trate como comum, não olhe para o outro com o olhar de preconceito e deboche.”