‘É como se as pessoas tivessem tomado água’, diz médico sobre vacinas vencidas
À CNN, cardiologista intensivista Iran Gonçalves Jr. afirma que o princípio ativo imunogênico pode ter perdido a validade
Após a denúncia do jornal “Folha de São Paulo” de que foram aplicadas vacinas vencidas da AstraZeneca em diversas cidades do país, os governos locais e estaduais estão se pronunciando sobre os lotes; e o ministério da Saúde afirmou que todos os prejudicados devem ser revacinados no prazo de 28 dias após a aplicação.
Tomar o imunizante contra a Covid-19 fora do prazo de validade seria o mesmo que tomar “água” ou placebo, segundo o cardiologista Intensivista Iran Gonçalves Jr.
“O problema de você tomar vacina vencida é que você está tomando água. Não tem o componente ativo capaz de produzir uma resposta imunológica no seu organismo”, explicou neste sábado (3).
O cardiologista descarta a probabilidade de o imunizante vencido causar dano ao organismo.
“A resposta é desconhecida e provavelmente não [causa]. Não deve acontecer nada. O que deve acontecer é a perda de validade do princípio ativo, que é o imunogênico que está dentro do frasco. Se isso vai fazer o meu braço ficar inflamado? Infeccionado? Não. Tanto é que não fez, não aconteceu.”
Ele reforça que a principal preocupação desta denúncia é que as pessoas que receberam os lotes vencidos não estão protegidas contra a doença. “As pessoas estão médio vacinadas”, diz.
Em nota, o ministério da Saúde informou que segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI) é necessário que a pessoa volte ao posto de saúde a fim de tomar a vacina em um intervalo de 28 dias entre estas doses.
“Do ponto de vista estatístico, apesar do número parecer grande — estão se falando em 26 mil —, ele é muito pouco. A gente já aplicou alguns milhões de doses”, defende o médico. No entanto, ele confirma que “se for possível localizar estas pessoas, muito provavelmente estará indicado uma nova dose da vacina.”