‘Dose de reforço da vacina de Oxford pode aumentar imunização’, diz pesquisadora
Coordenadora do estudo no Brasil explica próximos passos da pesquisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação de uma segunda dose nos testes realizados no Brasil da possível vacina para Covid-19 desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, conforme publicação no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (10). Além disso, o limite de idade das pessoas que participam do estudo foi ampliado de 55 para 69 anos.
Em entrevista à CNN, na manhã desta terça-feira (11), Lily Yin Weckx, pesquisadora da vacina de Oxford no Brasil e coordenadora do CRIE/Unifesp, afirmou que com a segunda dose da vacina, os tipos de anticorpos são ainda mais elevados, aumentando a chance de imunização.
“Essa mudança foi baseada em dados que nós obtivemos a partir de dados publicados pelos estudo em fase 1 no Reino Unido. A pesquisa mostrou que com uma resposta imune muito boa. No entanto, eles também mostraram que se a gente aplicar uma segunda dose de reforço, os tipos de anticorpos são ainda mais elevados. Por este motivo, os britânicos resolveram modificar os protocolos nos testes” explicou.
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A pesquisadora ainda afirma que as chances da dose desencadear um efeito colateral são menores, uma vez que, de acordo com o que se observou nos estudos preliminares. “Se eu tenho uma reação como dor local e febre após tomar a primeira dose, quando se toma o medicamento de reforço os efeitos diminuíram muito. Isso também é um dado muito favorável”, disse.
Os estudos também mostraram uma alta eficiência com pessoas em idade mais avançada. “Esta observação nos permitiu trazer isto também para o Brasil”, afirmou. E prosseguiu: “Agora nossos estudos vão até esta idade. O que é muito bom porque ele será ainda mais semelhante ao uso que poderá ser feito no Brasil, que possui a categoria de idosos no grupo de risco”, completa.
Yin Weckx também comentou o anúncio da primeira vacina contra Covid-19 registrada pela Rússia. De acordo com ela, pouco se sabe sobre a eficácia da vacina russa e que “parece que a fase de eficácia não foi feita”.
“É muito difícil você opinar sobre algo que absolutamente desconhece. Nós temos 160 vacinas sendo desenvolvidas por todo o mundo. Nós não temos notícias da vacina russa. Será que ela passou por todas as fases? Como isto está ocorrendo? Nós não sabemos”, indagou. E continuou: “Será que, por questões de emergência, eles estão pulando esta fase de eficácia? Parece que esta fase não foi feita”, finalizou.
(Edição: André Rigue)