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    Órgão dos EUA para pandemia terá diretrizes sobre o que vacinados poderão fazer

    Especialistas apontam que o Centro para Controle e Prevenção de Doenças precisa encontrar um equilíbrio complicado ao redigir as diretrizes

    Jen Christensen, da CNN

    Conforme o número de pacientes e amigos totalmente vacinados do médico norte-americano William Schaffner vai aumentando, a quantidade de telefonemas e emails também cresce.

    São muitas as perguntas para o professor de doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt, no Tennessee, feitas pelas pessoas totalmente vacinadas – que, nos Estados Unidos, são aquelas que já receberam há mais de 15 dias a segunda dose das vacinas da Moderna ou Pfizer para Covid-19, ou uma única dose da Johnson & Johnson (no Brasil, são as que receberam a segunda dose da Coronavac ou AstraZeneca há mais de 15 dias).

    Os amigos e pacientes do médico e professor perguntam se não há problema em abraçar os netos agora. Se podem jogar cartas com seus amigos vacinados. Se podem receber amigos em casa para um pequeno jantar, e se devem de convidar o tio Frank, que tem ido ao bar sem máscara direto.

    “Tento responder o máximo possível dessas perguntas, porque são pessoas cuidadosas.  Elas estão tentando fazer o melhor nessas circunstâncias”.

    Para quem não tem um especialista em doenças infecciosas entre seus contatos, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicará em breve as diretrizes para os totalmente vacinados.

    Mais de 82 milhões de doses de vacina foram distribuídas nos Estados Unidos. Após um ano de reuniões pelo Zoom e muito delivery, as pessoas estão ansiosas por essa orientação para os novos tempos.

    “Todos querem conselhos práticos sobre como seguir com seu cotidiano”, opinou a doutora Julia Marcus, epidemiologista de doenças infecciosas em Harvard. “Acho que, sem orientação, elas podem tomar decisões que não são informadas”.

    Nada de errado com as diretrizes

    O governo Biden tem dito que está trabalhando nessas diretrizes há semanas. Esperava-se que elas fossem reveladas na quinta-feira (4), mas o texto final ainda está sendo escrito, de acordo com um funcionário envolvido no processo de redação.

    Durante o governo Trump, autoridades da Casa Branca pesaram a mão algumas vezes com as diretrizes do CDC, ditando o que a agência poderia ou não dizer, de acordo com funcionários do CDC.

    Mas não é o que está acontecendo agora com as novas diretrizes, segundo a fonte do governo Biden. “Não acho que nada de nefasto esteja acontecendo”, disse.

    A fonte contou que um rascunho das novas diretrizes provavelmente foi enviado à Casa Branca e ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos para que a equipe pudesse estar ciente com antecedência do que seria revelado.

    “Não invejo os redatores dessas diretrizes”, confessou Schaffner. “É um quadro muito amplo. As pessoas querem aplicar diretrizes gerais a vidas específicas e isso acaba ficando muitíssimo específico. Não dá para abordar tudo”.

    As vacinas oferecem de fato boa proteção para os vacinados, de acordo com as pesquisas, e há evidências sólidas de que elas ajudam a prevenir a propagação da Covid-19. Ao mesmo tempo, elas não são uma “armadura” total, segundo Schaffner. As pessoas ainda precisam tomar decisões informadas sobre os riscos.

    Para os especialistas, o CDC precisa encontrar um equilíbrio complicado ao redigir as diretrizes, pois elas precisam encorajar as pessoas a se vacinarem, ajudar os vacinados a entender que ainda precisam ser cuidadosos e administrar as expectativas dos não vacinados.

    “Não queremos que as pessoas que não estão totalmente vacinadas pensem que tudo terminou e já podem abandonar os cuidados, como se a pandemia tivesse acabado, porque não acabou”, disse a fonte do CDC.

    Nos EUA, somente na quinta-feira (4) foram registrados mais de 64 mil novos casos de Covid-19.

    Não é como voltar a 2019

    Embora as diretrizes não deem permissão aos vacinados para começar a viver como se fosse 2019 novamente, de acordo com um funcionário do governo Biden, elas vão oferecer alguma esperança de que o fim do isolamento social total está próximo.

    O CDC confirmou que um artigo do site Politico caracterizou com precisão as diretrizes, recomendando que os vacinados possam ter interações sociais em pequenas reuniões domiciliares com outras pessoas totalmente vacinadas. Ou seja, você finalmente vai poder mostrar aos seus amigos vacinados as pequenas reformas que fez em casa que fez ao longa da pandemia.

    “Acho que é certamente um primeiro passo bastante razoável”, afirmou o doutor Aaron Richterman, um médico infectologista da Universidade da Pensilvânia.

    No entanto, não jogue fora suas máscaras. As diretrizes aconselharão os vacinados a continuar a usar máscaras em público e a manter uma boa distância física dos outros.

    “Embora ainda estejamos vacinando todos, nosso principal objetivo social continua sendo proteger os não vacinados”, disse Richterman.

    As máscaras ajudam exatamente a fazer isso. E não há garantia de que as pessoas vacinadas ainda não carreguem o vírus em seu nariz ou garganta: o vírus que pode não deixar a pessoa vacinada e portadora doente, mas pode ser expelido e infectar alguém ainda não vacinado.

    “As máscaras continuam a funcionar e precisamos delas contra as variantes”, explicou Schaffner. Especialistas em saúde pública temem que a disseminação das variantes mais contagiosas possa prolongar a pandemia.

    As diretrizes também devem ajudar os vacinados a conduzir as interações com parentes em casas de repouso, trancadas aos visitantes há mais de um ano. 

    Outro ponto serão os conselhos de viagem.

    Infelizmente, a vacinação não é um “passe livre para viajar”, disse o doutor Anthony Fauci à CNN no início de fevereiro. O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas disse que viagens “essenciais” podem voltar, “mas não queremos que as pessoas pensem que, porque foram vacinadas, podem simplesmente deixar de lado outras recomendações de saúde pública”.

    As diretrizes não serão totalmente prescritivas a ponto de dizer exatamente o que você pode e não pode fazer depois de estar totalmente vacinado.

    Elas não dirão se você pode ou não jogar boliche com sua tia, por exemplo, nem se você pode ou não pode encontrar seu avô na cafeteria para uma partida de Catan usando a nova “estratégia de ovelhas” que você aprendeu enquanto estava preso em casa.

    “É impossível chegar a esse nível de detalhe. Não podemos prever todas as situações em que os seres humanos estarão”, explicou a autoridade do governo federal. “O que podemos fazer é fornecer princípios para que as pessoas pensem. Serão os meios para refletir sobre determinadas situações e, então, escolher o nível de risco que alguém deseja correr”.

    Elizabeth Cohen, John Bonifield, Maggie Fox e Virginia Langmaid da CNN contribuíram para esta reportagem.

    (Texto traduzido e adaptado. Clique aqui para ler o original em inglês).

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