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    Dieta cetogênica x mediterrânea: qual é a melhor?

    Estudo feito com 33 pessoas comparou as dietas e mostrou que ambas melhoraram a glicose e perda de peso, porém a mediterrânea foi mais eficaz no controle da gordura no sangue

    Peixes oleosos, como o salmão, são obrigatórios na dieta mediterrânea
    Peixes oleosos, como o salmão, são obrigatórios na dieta mediterrânea Foto: Shutterstock

    Sandee LaMotteda CNN

    De um lado: a dieta mediterrânea medicamente renomada, uma eterna favorita entre os nutricionistas. A concorrente: a popular dieta cetogênica, conhecida por restringir os carboidratos a poucas quantidades preciosas por dia.

    Os defensores da dieta cetogênica, também conhecida como Keto, afirmam que ela reduz o apetite, derrete a gordura abdominal e aumenta a precisão mental, uma vez que a pessoa supere os primeiros dias da “ceto gripe”, uma sensação de mal-estar, fadiga e confusão mental. Estudos também mostraram pelo menos uma melhora a curto prazo do açúcar no sangue em pessoas que praticam essa dieta.

    Pesquisas associaram a dieta mediterrânea à redução do risco de diabetes, colesterol alto, demência, perda de memória, depressão e câncer de mama, bem como perda de peso, além de garantir ossos mais fortes, coração mais saudável e vida mais longa.

    Um novo ensaio clínico controlado feito durante a pandemia comparou as duas ao pedir a 33 pessoas com pré-diabetes ou diabetes que fizessem as duas dietas, uma após a outra, por três meses. Durante as primeiras quatro semanas de cada dieta, os participantes receberam entregas de refeições saudáveis à base da dieta cetogênica ou mediterrânea e seguiram os planos de refeições por conta própria.

    Os pesquisadores monitoraram o peso dos participantes, níveis de açúcar no sangue (glicose), fatores de risco cardiovascular e adesão à dieta. Qual delas ainda estava prevalecia no final?

    “Ambas as dietas melhoraram o controle da glicose no sangue em um grau semelhante, e ambos os grupos perderam uma quantidade semelhante de peso”, disse o principal pesquisador de nutrição Walter Willett, professor de epidemiologia e nutrição em Harvard T.H. Chan School of Public Health e professor de medicina na Harvard Medical School. Ele não participou do estudo.

    No entanto, quando os pesquisadores examinaram o impacto das duas dietas nos níveis de gorduras no sangue que contribuem para doenças cardíacas, a dieta mediterrânea foi a vencedora, de acordo com o estudo publicado na sexta-feira (8), no “The American Journal of Clinical Nutrition”.

    O estudo rastreou a lipoproteína de baixa densidade, ou LDL, conhecida como o colesterol “ruim”, e os triglicerídeos, que são um tipo diferente de gordura no sangue que também contribui para o endurecimento das artérias.

    “A dieta cetogênica aumentou significativamente o colesterol LDL em 10%, enquanto a dieta mediterrânea diminuiu o colesterol LDL em 5%”, disse Frank Hu, presidente do departamento de nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health, que não participou do estudo.

    “A diferença entre as duas dietas é bastante grande, e isso pode ter consequências a longo prazo nas doenças cardiovasculares”, disse Hu.

    Enquanto ambas as dietas reduziram os triglicerídeos, a dieta cetogênica o fez de forma mais significativa, segundo o estudo. No entanto, a redução dos triglicerídeos não é tão importante quanto o aumento do colesterol ruim, disse Hu.

    “O colesterol LDL elevado é um fator de risco muito mais poderoso e importante para doenças cardiovasculares do que os níveis de triglicerídeos”, disse ele.  “Assim, embora ambos os lados tenham sido bastante eficazes no controle glicêmico de curto prazo, acho que a principal questão são os potenciais efeitos a longo prazo da cetogênica nas doenças cardiovasculares”.

    Dieta mediterrânea é voltada a legumes e incentiva trocar as proteínas de sempre, como a carne vermelha / Foto: Pixabay

    ‘Tentei dar a cada dieta a melhor chance’

    A cetogênica alcança sucesso rápido na perda de peso, dizem os defensores, colocando as pessoas em cetose, um estado em que o corpo começa a queimar gordura armazenada como combustível. Mas para chegar à cetose, os carboidratos são drasticamente reduzidos para 20 a 50 gramas por dia. (Uma xícara de arroz cozido tem cerca de 50 gramas). Comer carboidratos adicionais tira você da cetose.

    A dieta diária de um americano típico é de 50% de carboidratos, disse Hu, então diminuir essa ingestão para menos de 50 gramas é “uma grande redução. Isso é difícil para as pessoas manterem”.

    As pessoas geralmente veem a cetogênica como uma dieta da “carne” e enchem seus pratos com laticínios integrais, salsichas, bacon e outras carnes com gorduras saturadas, o que pode contribuir para inflamações e doenças crônicas.

    No entanto, o estudo usou uma “dieta cetogênica bem formulada”, que limitava a ingestão de alta proteína e enfatizava vegetais sem amido, disse o autor do estudo Christopher Gardner, professor de medicina do Stanford Prevention Research Center.

    “Eu tentei dar a cada dieta a melhor chance. Eu não tentei fazer uma cetogênica ruim e uma boa mediterrânea ou uma mediterrânea ruim e uma boa cetogênica”, disse Gardner, que também é diretor do Grupo de Pesquisa de Estudos Nutricionais em Stanford.

    A dieta cetogênica proíbe grãos, legumes e só permite um punhado de frutas. A dieta mediterrânea, no entanto, enfatiza encher o prato com frutas, legumes, feijão, lentilha, grãos integrais, nozes e sementes.

    Ambas as dietas concordam que “comemos muito açúcar adicionado e grãos refinados, e não comemos vegetais suficientes”, disse Gardner. “Portanto, todo o estudo foi feito para ver se há uma vantagem em se livrar de frutas, grãos integrais e feijões na cetogênica –depois de fazer as coisas com as quais todos concordam”.

    Além do aumento do colesterol ruim, as pessoas na fase cetogênica tiveram uma “diminuição da ingestão de tiamina, vitaminas B6, C, D e E e fósforo”, bem como uma “quantidade incrivelmente baixa de fibra”, disse o Dr. Shivam Joshi, professor assistente clínico de medicina na Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York. Ele não participou do estudo.

    “Grãos e frutas integrais têm benefícios positivos para a saúde, e sua exclusão do grupo da dieta cetogênica gera alguma preocupação sobre os impactos à saúde a longo prazo”, disse Willett. Além disso: “muitas pessoas acham que a adesão a longo prazo a uma dieta cetogênica é difícil”.

    De fato, o estudo descobriu que a maioria das pessoas abandonou a dieta cetônica após o término da pesquisa.

    “Eles recebiam a comida cetogênica em sua casa. Eles tiveram um educador de saúde para ajudá-los”, disse Gardner. “Ainda assim ‘boom’! A maioria das pessoas parou de seguir a dieta cetogênica quase imediatamente [quando essa parte do estudo terminou], enquanto muitas pessoas na dieta mediterrânea ainda seguiram se alimentando dessa maneira quando o estudo terminou.”

    Qual é a mensagem principal do estudo?

    “A mensagem número 1 para mim é que a restrição severa de alguns carboidratos saudáveis não é necessária para melhorar o controle glicêmico e a saúde cardiometabólica”, disse Hu.

    “Você pode fazer uma dieta mediterrânea saudável ou uma dieta moderada com baixo teor de carboidratos ou uma dieta vegetariana muito saudável. Existem diferentes opções para pessoas com diferentes preferências alimentares.”

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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