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    Descubra se você está desperdiçando seu dinheiro em suplementos

    Suplementos multivitamínicos podem não proteger contra o câncer e doenças cardíacas, dizem especialistas dos Estados Unidos

    Michele Blackwell/Unsplash

    Sandee LaMotteda CNN

    Vitaminas, minerais e suplementos multivitamínicos não irão proteger você contra o câncer, doenças cardíacas ou a mortalidade média, declarou uma Força-Tarefa do Serviços de Prevenção dos Estados Unidos (US Preventive Services). Os dados aparecem numa diretriz atualizada publicada na terça-feira (21) na revista científica JAMA.

    Desde sua última recomendação, em 2014, a força-tarefa revisou 84 estudos que testaram vitaminas em quase 700 mil pessoas, incluindo 52 novos estudos sobre o tema.

    No entanto, a conclusão permaneceu a mesma que a de 2014: se você é um adulto saudável e não é gestante, há “evidência insuficiente” de qualquer benefício de prolongamento da vida com o uso de vitamina E, vitamina D, cálcio, vitamina A, betacaroteno, vitamina B3, vitamina B6, vitamina C e selênio.

    Entretanto, há bastante evidência para ir contra a recomendação do uso de suplementos de betacaroteno (que o corpo transforma em vitamina A) para impedir doença cardiovascular ou o câncer “por causa de um risco aumentado possível de mortalidade, de mortalidade por doença cardiovascular e de câncer de pulmão”.

    Outra ideia não recomendada é tomar vitamina E “porque provavelmente não tem nenhum benefício em reduzir a mortalidade, a doença cardiovascular ou o câncer”.

    “O conselho de estilo de vida para prevenir doenças crônicas em pacientes deve continuar a se concentrar em abordagens baseadas em evidências científicas, incluindo dietas balanceadas com altas quantidades de frutas, legumes e verduras e atividade física”, pontuou em editorial o pesquisador Jeffrey Linder, chefe de Medicina Interna Geral na Faculdade de Medicina de Universidade Northwestern Feinberg, em Chicago.

    Veja, por exemplo, a dieta mediterrânea. Baseado em comer vegetais, fazer atividade física e ter compromissos sociais, esse estilo de vida pode reduzir o risco de colesterol elevado, demência, perda da memória, depressão e câncer de mama, de acordo com vários estudos.

    As refeições provenientes da ensolarada região mediterrânea também foram associadas à perda de peso, ossos mais fortes, um coração mais saudável e longevidade.

    Outra intervenção baseada em evidências é a dieta DASH, sigla que em inglês significa “abordagens dietéticas para parar a hipertensão”. Segundo estudos, a dieta reduz com sucesso a pressão arterial elevada. As dietas mediterrânea e DASH evitam alimentos processados e focam em frutas, legumes, feijões, lentilhas, grãos integrais, castanhas e sementes.

    “Em vez de concentrar dinheiro, tempo e atenção em suplementos, seria melhor enfatizar atividades de menor risco e maior benefício, como seguir uma dieta saudável, fazer exercício, manter um peso saudável e evitar o tabagismo”, escreveu Linder.

    Especialistas recomendam investimento em atividade física e dietas balanceadas / Volodymyr Hryshchenko/Unsplash

    Bilhões de dólares

    No entanto, apesar da mensagem consistente da comunidade científica, “mais da metade dos adultos norte-americanos tomam suplementos alimentares”, gastando cerca de US$ 50 bilhões nesse mercado em 2021, de acordo com Linder e os seus colegas.

    Por que gastamos tanto dinheiro em comprimidos com tão pouca evidência científica apoiando seus benefícios?

    “De acordo com pesquisas populacionais, as pessoas tomam vitaminas para permanecerem saudáveis, sentirem-se com mais energia ou ganharem paz de espírito. São crenças que desafiam as evidências e são reforçadas por campanhas de marketing inteligentes”, opinou o cientista comportamental Peter Ubel, em um editorial na JAMA Internal Medicine.

    Já que as pessoas veem as vitaminas como sendo “boas e saudáveis”, um outro comportamento, chamado “insensibilidade à dose”, também aparece.

    Funciona assim: se um pouco é bom, mais deve ser ainda melhor, explica Ubel, que é professor de Negócios, Políticas Públicas e Medicina na Escola de Negócios Fuqua da Duke University, em Durham, Carolina do Norte.

    Adicione a esse viés humano qualquer coisa etiquetada como “natural” ou “botânica” e a probabilidade de uma pessoa comprar vitaminas e minerais comercializados nessa maneira aumenta.

    “Agências de publicidade reconhecem esse viés”, acrescentou Ubel. “Assim, as pessoas podem compensar a falta das frutas, legumes e verduras em suas dietas ingerindo suplementos diários”.

    A CNN procurou o Conselho de Nutrição Responsável, uma organização comercial da indústria de suplementos, e recebeu esta resposta:

    “A evidência aparente limitada não deve ser mal interpretada como ausência de evidência”, afirmou Andrea Wong, vice-presidente sênior de assuntos científicos e regulatórios do conselho. “Inúmeros estudos apoiam o uso de multivitamínicos para a maioria dos norte-americanos devido a uma série de benefícios”.

    Quem precisa de suplementos

    Há algumas populações que necessitam de determinadas vitaminas. As mulheres grávidas devem tomar um suplemento diário contendo 0,4 a 0,8 miligramas (400 a 800 microgramas) de ácido fólico para evitar defeitos de nascimento do tubo neural do bebê, de acordo com uma recomendação separada da força-tarefa.

    Pessoas com acesso limitado a escolhas alimentares saudáveis ou que tenham determinadas condições médicas ou qualquer pessoa com mais de 65 anos podem precisar adicionar micronutrientes específicos à sua dieta, dizem os especialistas.

    Alguns idosos podem necessitar de suplementos adicionais de vitamina B12 e B6, já que a absorção delas pelos alimentos diminui com o tempo. Como os idosos em geral tomam menos sol que os mais jovens, podem precisar de vitamina D adicional, mas os níveis devem ser verificados por um doutor, porque vitamina D em excesso pode ser prejudicial.

    Muitas mulheres na pós-menopausa tomam suplementos para reduzir fraturas. No entanto, em 2018 a força-tarefa revelou que vitamina D combinada com cálcio não tinha efeito na incidência de fraturas em mulheres pós-menopausa.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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