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    Demora na vacinação de crianças parece ser ideológica, diz pesquisador da Fiocruz

    À CNN, o infectologista Júlio Croda afirmou que a Ômicron pode representar um perigo para as crianças, já que a faixa etária é única ainda sem acesso à imunização

    Giovanna GalvaniJuliana Alvesda CNN em São Paulo

    A demora entre a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a efetiva implementação da vacinação de crianças maiores de 5 anos contra a Covid-19 “parece ser ideológica”, avaliou o infectologista e pesquisador da Fiocruz Júlio Croda à CNN nesta quarta-feira (29).

    Para Croda, o aval da Anvisa, a sinalização favorável de entidades científicas (incluindo a Fiocruz) e o avanço da imunização infantil em outros países já são provas suficientes da segurança e da eficácia da aplicação das doses da Pfizer em quem tem entre 5 e 11 anos.

    “A motivação [para a demora] parece ser ideológica. Diversas agências regulatórias e países já recomendam essa vacina. A vacina é importante não só para evitar transmissão, mas para prevenir hospitalização e óbitos”, disse o infectologista.

    “É necessário que essa vacinação ocorra antes do retorno das atividades escolares, e é um direito do pai que quer vacinar levar seu filho para tomar essa vacina. O governo não pode cercear o direito à vacinação, que está presente no Estatuto da Criança”, comentou.

    Além disso, o pesquisador afirmou que a ideia do Ministério da Saúde em recomendar que seja necessária uma prescrição médica para poder vacinar as crianças pode gerar um aumento na desigualdade de acesso à saúde no país, já que a disponibilidade de pediatras e médicos da rede pública difere da rede privada.

    “O acesso à população mais carente [à vacina] será mais difícil devido a uma prescrição médica totalmente desnecessária”, afirmou.

    “Essa vacina é feita com uma dose menor e com efeitos colaterais menores. Não existe relato de óbito por miocardite em mais de 5 milhões de crianças vacinadas nos EUA. A vacina é segura e é desnecessária essa necessidade de prescrição médica”.

    Outro impacto da falta de imunização dos pequenos poderia ser causado pelo avanço da variante Ômicron nessa faixa etária, como tem sido observado nos Estados Unidos. No Brasil, o problema se estenderia para o atendimento hospitalar das crianças com Covid-19 caso isso se repetisse, observou Croda.

    “Se você tiver um aumento expressivo dessa variante em pessoas que não foram vacinadas, como crianças, temos poucos serviços pediátricos de unidade de terapia intensiva no Brasil, a maioria concentrados nas capitais”, afirmou.