Covid-19: UFF prevê média móvel mundial acima de um milhão de casos em setembro
Recorde da pandemia seria impulsionado pela proximidade do outono no hemisfério norte; atualmente, a média móvel mundial está em 620 mil casos diários
Uma pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, aponta que o mundo pode alcançar pela primeira vez a média móvel de um milhão de casos de Covid-19 no fim de setembro. Isto, no cenário mais otimista projetado.
Atualmente, a média móvel mundial está em 620 mil casos diários. O estudo é baseado em modelos matemático-epidemiológicos que levam em conta o padrão atual de ocorrência de novos casos em todos os países e os perfis de variação no comportamento do patógeno.
A explicação para o fenômeno é a proximidade do outono no hemisfério norte, período no qual a sazonalidade de vírus respiratórios costuma atingir seu pico, o que ocorreu no Brasil em março e abril.
Autor do estudo, doutor em Epidemiologia e professor do Departamento de Estatística da UFF, Márcio Watanabe projetou em março que o Brasil poderia variar entre três e cinco mil mortes diárias no pico da óbitos da pandemia no Brasil – enfrentado entre abril e maio.
Os dados são do estudo “Detecção precoce da sazonalidade e predição de segundas ondas na pandemia de Covid-19”. No período, outono no Brasil, foram registrados os maiores números de mortes.
Entre eles, o recorde de 4.249 óbitos registrados em 24 horas, em 8 de abril. Desta vez, Watanabe acredita que o total pode alcançar 1,2 milhão de casos na média móvel diária, em uma projeção realista, e 1,35 milhão, no cenário pessimista. Pesquisas deste tipo costumam estipular a existência de três cenários.
“Estamos usando o mesmo modelo empregado anteriormente, mas para casos globais, a partir da curva de casos acumulados e aplicando para esse modelo a tendência de aumentos. Esperamos uma mudança do padrão já no início de setembro, principalmente nos EUA e nos países europeus. Isso significa que, no pico, teremos em média pelo menos um milhão de casos por dia durante sete dias”, afirma o pesquisador.
No entanto, embora ainda não haja ainda dados fechados sobre mortes, o pesquisador diz estar certo de que as curvas de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave e de óbitos não acompanharão a de aumento de casos na mesma proporção.
De acordo com o epidemiologista, a projeção leva em conta o cenário atual. A presença da variante Delta é levada em conta de maneira indireta, por compor o cenário de diversos países presentes na análise, mas o estudo leva em conta os cenários gerais, sem predições a partir das linhagens prevalentes.
“O avanço da vacinação vai reduzir ainda mais o número de mortes, mas os ritmos de vacinação e as sazonalidades são diferentes em cada país. Em vírus respiratórios, o pico é muito variável, porque você tem uma quantidade de vírus circulando, mas não uma epidemia alastrada. Agora, não. Nós temos um padrão bem conhecido de um vírus que já está bem espalhado: primeiro, os casos. Depois, o aumento de internações e, nas semanas seguintes, os óbitos. O pico de casos deve ocorrer mais para o final de setembro”, conclui Watanabe.