Covid-19: spray nasal nacional é 100% eficaz em ratos, diz estudo
Novo imunizante teria capacidade de agir mais rapidamente nas mucosas e no pulmão, reduzindo o poder de transmissão do vírus e protegendo contra a infecção
Uma nova vacina brasileira criada para ser aplicada em spray dentro do nariz apresentou 100% de eficácia na prevenção contra a Covid-19 em ratos-domésticos, afirma um estudo publicado na revista científica Vaccines no final de 2023.
A pesquisa é pioneira no mundo ao tentar criar outra forma de imunizante contra a Covid-19 que não sejam a aplicado a partir de injeções intramusculares, mas com spray em mucosas como o nariz ou a boca.
Um dos coordenadores do estudo, o professor de departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Momtchilo Russo diz que foi “natural” pensar nesse formato de imunizante.
“Como o SARS-CoV-2 é um vírus respiratório, foi natural propor uma vacina que pudesse neutralizá-lo já na área mais propensa às suas tentativas de entrada no corpo humano, ou seja, nas vias aéreas superiores”, explicou.
Além disso, outro fator explicativo é que as mucosas do corpo humano agrupam grande produção de anticorpos (defesa contra vírus como o SARS-CoV-2), incluindo proteínas que regulam a imunidade dessas áreas do corpo.
A vacina de spray é feita a base da proteína Spike (S), semelhante a outras vacinas já existentes como a da Oxford-Astrazeneca e a da Janssen.
No entanto, além de ser mais fácil de produzir do que outras vacinas de RNAs mensageiros, já que não precisando ser mantida em temperaturas baixíssimas, o funcionamento ainda pode ser mais rápido, já que o spray tende a correr diretamente para o pulmão.
No estudo com os ratos-domésticos, os pesquisadores passaram a acreditar ainda que a vacina de spray tem maior capacidade de reduzir a transmissão da Covid-19 do que as vacinar intramusculares.
O novo imunizante ainda teria capacidade de funcionar bem como dose de reforço, dizem os pesquisadores.
Ainda não há data para os testes em seres humanos.
A pesquisa pioneira foi desenvolvida pelo ICB-USP, em um convênio com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Houve ainda parcerias com pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e do Instituto de Medicina Tropical (IMT), ambos da USP, além da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do apoio da Fapesp.
