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    Covid-19 pode afetar as crianças; veja dicas de médicos para protegê-las

    Estados Unidos registraram novos recordes de infecções e internações de crianças

    Crianças maiores de 2 anos devem usar máscara
    Crianças maiores de 2 anos devem usar máscara Foto: Getty Images

    Holly Yan,

    da CNN

    A ideia de que crianças não são atingidas duramente pela Covid-19 está perdendo forças, em parte devido a uma variante mais contagiosa do que qualquer outra vista antes. Desde o mesmo período no ano passado, mais de 45 mil crianças foram hospitalizadas com Covid-19, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

    Já nesta quinta-feira (5), uma média de 192 crianças com Covid-19 foram admitidas em hospitais dos EUA todos os dias na última semana, segundo dados do CDC. Isso representa um aumento de 45,7% em relação à última semana nas internações diárias entre os pacientes de Covid-19 entre 0 e 17 anos.

    Enquanto adultos debatem a obrigatoriedade de uso de máscara em escolas e se crianças mais velhas deveriam ser vacinadas, a agora dominante variante Delta continua atingindo quem não se vacinou, incluindo algumas crianças muito jovens para serem imunizadas.

    Médicos dizem que é crucial proteger as crianças contra a variante Delta, não apenas para preservar as aulas presenciais e para proteger a saúde delas, mas também para ajudar a prevenir o surgimento de variantes ainda mais agressivas.

    Infecções de Covid-19 por crianças e hospitalizações estão atingindo picos

    Desde o último ano escolar, uma variante mais contagiosa, a Alfa, foi substituída por uma ainda mais contagiosa, a Delta, na posição de variante do coronavírus dominante nos EUA.

    A variante Delta é tão contagiosa quanto a catapora, afirmou o CDC. Em apenas dois meses, a Delta saltou de 3% para mais de 93% das amostras de coronavírus sequenciadas nos EUA, de acordo com a agência.

    Em apenas uma semana, os EUA tiveram uma alta de 84% em casos de Covid-19 entre crianças, segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP, na sigla em inglês).

    Os 71,726 novos casos pediátricos entre 22 de julho e 29 de julho marcaram um “aumento substancial” em relação à semana anterior, quando 39 mil novos casos entre crianças foram reportados, afirmou a AAP.

    E, com o aumento de internações pediátricas de Covid-19, não são apenas crianças com comorbidades que estão sendo internadas.

    Quase metade, 46,4%, das crianças hospitalizadas com Covid-19 entre março de 2020 e junho de 2021 não tinham uma comorbidade, de acordo com dados do CDC de quase 100 condados americanos.

    As mortes por Covid-19 entre crianças não deveriam ser ignoradas, diz a chefe do CDC. Enquanto crianças são bem menos prováveis de morrer de Covid-19 do que adultos, as mortes ainda são significativas, afirmou a diretora do CDC, Dra. Rochelle Walensky.

    Pelo menos 416 crianças com idades entre 0 e 18 anos morreram de Covid-19, de acordo com dados do Centro Nacional de Estatística de Saúde. “Eu acho que nós caímos no pensamento falho de dizer que apenas 400 dessas 600 mil mortes de Covid-19 foram de crianças”, disse Walensky em julho. “As crianças não deveriam morrer. Então, 400 é uma quantidade gigante”.

    O número de mortes por Covid-19 entre crianças é mais que o dobro do número de mortes pediátricas por gripe reportadas pelo CDC entre 2019 e 2020, uma das piores temporadas de gripe desde 2010.

    A principal razão do porquê a Covid-19 ser mais mortal para crianças que outras doenças infecciosas é porque muitas crianças são vacinadas contra outras doenças, disse James Campbell, professor de pediatria na Universidade da Escola de Medicina de Maryland.

    “Ninguém está morrendo de pólio, ninguém está morrendo de sarampo nos Estados Unidos. Ninguém está morrendo de difteria”, disse Campbell para a CNN no mês passado.

    Mas, apesar de crianças entre 12 e 17 anos poderem se vacinar contra a Covid-19, milhões não se imunizaram. E pode demorar muitos meses antes que uma vacina seja autorizada para crianças com menos de 12 anos.

    Georgia, a filha de 7 anos de Rebecca Calloway, é uma das milhares de crianças jovens testando várias doses de vacinas da Covid-19 para garantir que elas são seguras e efetivas antes de serem autorizadas.

    Parte do motivo de Calloway ter registrado Georgia nos testes pediátricos da vacina é porque ela perdeu recentemente sua filha de 3 anos para outra doença inesperada, diabetes Tipo 1, e não quer que mais nenhuma família perca crianças para a Covid-19.

    Enquanto mortes de crianças pela Covid-19 e pela diabetes Tipo 1 são raras, “você não quer estar nessas estatísticas”, disse Calloway.

    Proteger crianças da Covid-19 é essencial para mantê-las nas aulas presenciais

    Com a altamente contagiosa variante Delta, o CDC agora recomenda que estudantes do jardim de infância até 12ª série usem máscaras na escola, assim como professores e visitantes. A Academia Americana de Pediatria recomendou uso de máscaras nas escolas para todos com mais de 2 anos.

    “Nossas crianças merecem um aprendizado em tempo integral, presencial e seguro com medidas de prevenção. E isso inclui o uso de máscaras por todos nas escolas”, disse Walensky. Alguns estudantes estão voltando para as escolas pela primeira vez no ano. Mas o tão aguardado ensino presencial pode rapidamente sair dos trilhos por uma infecção ou surto.

    Em Atlante, mais de 100 estudantes da Drew Charter School tiveram que ficar em quarentena após nove estudantes e cinco funcionários testarem positivo. E a Covid-19 não precisa de muito para fechar as escolas novamente. Mesmo um caso pode ter um efeito em cadeia nos estudantes, professores e empregados.

    “Nós precisamos que os adultos administrem as escolas, e se meus adultos estão doentes ou precisando se isolar, eu não tenho adultos presentes para fornecer a educação”, disse Carlee Simon, superintendente das escolas públicas do condado de Alachua, na Flórida.

    A direção das escolas votou para exigir o uso de máscaras nas primeiras duas semanas de aula, mas o governador da Flórida baniu a obrigatoriedade de máscaras em escolas e ameaçou reduzir o financiamento de escolas que as exigirem.  E isso deixou a superintendente preocupada.

    “Quando nós temos famílias que não querem colocar máscaras em suas crianças, o que eles estão fazendo não é apenas aumentar a chance deles precisarem ficar em quarentena”, disse Simon.

    Se um estudante se infectar, “eles também farão com que outros estudantes que também usaram máscaras precisem ficar em quarentena”. “Todos querem seguir em frente. Ninguém quer ficar usando máscaras para sempre”, afirmou Simon. Mas “nós gostaríamos de estar seguros e ter um tempo para instruir nossos alunos”.

    Além do uso de máscaras em escolas, o CDC recomenda adicionar outras estratégias, como ventilação aprimorada, distanciamento físico e testagem de modo frequente.

    Crianças podem acidentalmente ajudar a criar novas variantes

    Proteger crianças da Covid-19 pode ajudar a todos no longo prazo, dizem doutores. Conforme o coronavírus continua a se espalhar, se replicando em novas pessoas, aumentam as chances dele mutar.

    Algumas mutações podem dar uma vantagem para o vírus, e variantes mais agressivas podem emergir, como as que podem burlar as vacinas. “Isso é, claro, uma preocupação”, disse Walensky.

    Pessoas totalmente imunizadas são menos prováveis de se infectar com a variante Delta. Mas pessoas não vacinadas, incluindo as crianças, são mais suscetíveis a se infectar e podem, sem saber, ajudar na criança de novas variantes, diz Offit.

    “Nós não seremos capazes de parar essa pandemia até que nós tenhamos uma porcentagem significativa da população totalmente imunizada”, afirmou.

    A Covid longa e a MIS-C podem deixar impactos duradouros

    Assim como os adultos, as crianças podem ser suscetíveis à “Covid longa”, sintomas incômodos por semanas ou meses após a infecção pelo coronavírus.

    “Mesmo para os jovens que consideram o risco da Covid severa como baixo, as consequências a longo prazo podem ser bem sérias”, afirmou o doutor Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde, na primavera.

    Em alguns casos, crianças que começam com sintomas leves da Covid-19, ou até assintomáticas, acabam internadas por semanas ou meses com uma condição chamada MIS-C: síndrome inflamatória multisistema em crianças.

    MIS-C é “uma condição rara mas séria associada com a Covid-19 em que diferentes partes do corpo ficam inflamadas, incluindo o coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais”, disse o CDC.

    Ela acontece quando “o vírus induz seu corpo a fazer uma resposta imune contra os seus próprios vasos sanguíneos”, o que pode causar inflamação neles, segundo o pediatra Paul Offit, diretor do Centro para Educação sobre Vacina no Hospital infantil da Filadélfia.

    Geralmente, crianças com MIS-C não começam muito doentes com Covid-19. “Geralmente crianças acabam descobrindo acidentalmente que estão infectadas. Alguém na família foi infectada, um amigo, então eles fazem um teste de PCR. E eles acabam testando positivo… e eles estão bem”, disse Offit para a CNN.

    “Aí alguns meses passam, elas desenvolvem uma febre alta. Além de evidência de danos no pulmão, fígado, rim ou coração. É aí que elas vêm para o nosso hospital”.

    Pelo menos 4,196 casos de MIS-C foram reportados entre fevereiro de 2020 e junho de 2021, incluindo 37 mortes, segundo o CDC. A agência disse que 99% dos pacientes com MIS-C testaram positivo para o coronavírus, e o 1% restante teve contato com alguém que teve Covid-19. A idade medida dos pacientes com MIS-C é de 9 anos.

    “O CDC está trabalhando para aprender mais sobre o motivo de algumas crianças e adolescentes desenvolverem a MIS-C depois de terem Covid-19 ou contato com alguém que teve, enquanto outros não tiveram”, disse o CDC.

    “Baseado no que sabemos sobre a MIS-C, o melhor caminho para proteger sua criança é fazer ações no dia a dia para prevenir que sua criança ou toda sua família pegue o vírus que causa a Covid-19”.

    As melhores ações que pais podem tomar para proteger suas crianças incluem se vacinar e vacinar as crianças com mais de 12 anos, disse Walensky. E mesmo se um pai estiver completamente vacinado, ainda há uma pequena chance dele ter uma infecção assintomática e passar o vírus para seus filhos,

    É por isso que é uma boa ideia para todos os pais de crianças jovens usarem máscaras em público. Mas o melhor jeito de proteger crianças não vacinadas, segundo Walensky, “é cerca-las de pessoas vacinadas”.

    Deidre McPhillips e Jen Christensen contribuíram para essa reportagem.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).