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    Covid-19 pode afetar a fertilidade masculina, aponta estudo da USP

    A pesquisa também indica que o SARS-CoV-2 afeta as células responsáveis por produzir a testosterona, o principal hormônio masculino

    Will Marinho, da CNN, em São Paulo

    Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) indica que a Covid-19 pode afetar a fertilidade masculina. Em um dos artigos mais recentes, a universidade mostrou que pacientes que contraíram o vírus podem ter epididimite, uma inflamação no epidídimo, canal localizado na parte posterior dos testículos.

    “Estudamos 27 tipos de vírus que afetam a fertilidade masculina. No caso da Covid-19 descobrimos que ela afeta os testículos e causa uma inflamação no epidídimo. Esse órgão com 6 metros de comprimento [descompactado] é um canal por onde os espermatozoides passam para fertilizar os óvulos”, explicou o professor da FMUSP, Dr. Jorge Hallack.

    A ideia de analisar a relação do vírus com o órgão veio de outra pesquisa desenvolvida na Ásia, em 2002, com uma série de autópsias realizadas em pacientes que contraíram o SARS (a primeira versão do coronavírus). Durante os estudos, foram notados que a maioria dos pacientes tinha orquite, uma inflamação dos testículos.

    “Uma vez que percebemos que o vírus SARS se comportava da mesma forma que o SARS-CoV-2, vírus da Covid-19, começamos as investigações para saber se o novo coronavírus também afetava a fertilidade masculina. Foi nesse momento que entendemos que os dois vírus utilizam o mesmo mecanismo de se ligar a uma proteína chamada ACE2 e a outra chamada TMPRSS2 para entrar na célula. E que os testículos são ricos em ACE2, por isso a possibilidade de o órgão ser alvo de infecções”, disse o médico.

    O epidídimo é um canal por onde os espermatozoides passam
    O epidídimo é um canal por onde os espermatozoides passam para fertilizar os óvulos
    Foto: Reprodução do artigo SARS-CoV-2 and its relationship with the genitourinary tract: Implications for male reproductive health in the context of COVID-19 pandemic

    A publicação chamada Radiological patterns of incidental epididymitis in mild-to-moderate COVID-19 patients revealed by colour Doppler ultrasound, analisou pacientes que tinham entre 18 e 55 anos, faixa etária sexualmente ativa e fértil. Dos 26 pacientes, nenhum deles apresentou dores escrotais, entretanto 42,3% tinham epididimite.

    Redução no nível de testosterona 

    As pesquisas conduzidas pelo a equipe da USP também indicam que o SARS-CoV-2 afeta as células responsáveis por produzir a testosterona, o principal hormônio masculino.

    “Os pacientes atingidos pelo vírus também apresentaram baixa na produção de testosterona. Uma das explicações é o fato do testículo, depois dos pulmões, ser um dos órgãos com mais receptores. O que facilita a ligação do vírus. Em consequência, a saúde sexual masculina fica mais afetada”, explica Hallack.

    O urologista pondera tanto a epididimite, quanto a baixa do nível de testosterona, podem ter recuperação. No entanto, a velocidade da cura está ligada a outros fatores.

    “Se o indivíduo usa bebida alcoólica em excesso, drogas ou tem outras lesões no órgão reprodutor, a recuperação pode ser mais lenta. Por isso a importância de manter hábitos de vida saudáveis”, ressalta. 

    (Com informações do Jornal da USP)

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