Cortisol: o que é e como atua o hormônio do estresse
Hormônio desempenha papel fundamental em importantes funções do organismo, mas pode ser prejudicial a saúde quando está em desequilíbrio
Hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, o cortisol é responsável por, dentre outras funções fisiológicas, regular a pressão arterial, controlar os níveis de estresse e ajudar no sistema imunológico.
Apesar de fundamental para o funcionamento do organismo, esse hormônio pode desencadear sintomas, como o ganho ou a perda de peso, fraqueza e pressão alta, quando desregulado.
Em alguns casos, os níveis hormonais descoordenados, acima ou abaixo do necessário para regular as atividades do corpo, são fatores de risco para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.
Saiba como o hormônio atua no organismo e como reconhecer sinais que podem indicar um desequilíbrio.
O que é o cortisol?
O cortisol é um hormônio esteroide responsável por atuar em diversos processos fisiológicos do corpo humano, desde o controle de açúcar no sangue até o combate a inflamações.
A substância é produzida pelas glândulas localizadas acima dos rins, em resposta a estímulos do hipotálamo e da glândula pituitária.
O hormônio também está diretamente ligado ao ritmo circadiano do organismo.
Ao amanhecer, a luz e estímulos internos estimulam a produção da substância, responsável por liberar energia e despertar o corpo, enquanto a falta de iluminação noturna incentiva a descarga de melatonina – hormônio que prepara o organismo para dormir.
Por que ele é conhecido como o hormônio do estresse?
Um dos principais efeitos do cortisol no organismo é liberar energia em situações adversas para que o sistema nervoso consiga controlar os níveis de estresse, por isso é popularmente conhecido como “hormônio do estresse”.
Ou seja, além de seguir o ciclo circadiano, é um dos principais responsáveis por coordenar a resposta do corpo diante de fatores estressantes.
Por isso, quando o organismo identifica uma situação de possível ameaça, o hormônio é liberado com o objetivo de poupar energia, regular o humor e controlar a pressão arterial.
De acordo com levantamento da StarCheck, da Healthtech Starbem, indicou que 48,59% dos brasileiros apresentaram níveis elevados de estresse em check-ups realizados no primeiro semestre de 2022.
Isso pode impulsionar os quadros de estresse crônico, que aumentam os níveis do hormônio no organismo e podem prejudicar a saúde.
Qual é o papel do cortisol no organismo?
O hormônio exerce diferentes funções no organismo, atuando na regulação do metabolismo, do sistema nervoso central e do sistema imunológico.
A maioria das células do corpo tem receptores para esse hormônio, de acordo com a Endocrine Society, por isso ele interfere em diversos processos fisiológicos.
Entre esses processos estão o controle da pressão arterial, a formação da memória e a regulação dos níveis de açúcar no corpo. Outras funções incluem:
- regula o estado emocional;
- mantém os níveis de atenção;
- contribui para a rotina de sono;
- tem efeito imunossupressor e anti-inflamatório.
Essa substância também regula os níveis de gordura, proteínas e carboidratos no organismo, garantindo ao corpo a energia adequada para realizar atividades diárias.
Além disso, para as mulheres, a Endocrine Society esclarece que o hormônio também auxilia no desenvolvimento do feto durante a gravidez.
Principais sinais e sintomas de cortisol alto
Quando os níveis do hormônio do estresse estão altos, podem causar problemas de saúde, como ansiedade e Síndrome de Cushing, segundo a Endocrine Society.
Além disso, o corpo pode apresentar alguns sinais e sintomas que indicam um funcionamento anormal do organismo. Esses sinais vão desde fadiga em excesso até um aumento de peso.
Segundo estudo sobre a relação entre o estresse e a obesidade, o hormônio é responsável por redistribuir tecido adiposo branco para a região abdominal, assim como aumentar o apetite por alimentos ricos em energia, o que gera um aumento de peso.
O hormônio também tende a elevar o nível de glicose na corrente sanguínea, outro fator que pode contribuir para o ganho de peso.
“À medida que o cortisol aumenta, o açúcar no sangue também aumenta. E quando nosso açúcar no sangue sobe, nosso pâncreas produz insulina”, explicou a nutricionista Britni Vincent, em entrevista à CNN.
O corpo pode apresentar outros sintomas, como:
- pressão alta;
- perda muscular;
- alterações no apetite;
- mudanças no ciclo menstrual;
- imunidade baixa e aumento de inflamações.
Em alguns casos, os níveis elevados do hormônio também podem levar a um quadro de depressão.
Segundo dados de estudo publicado no Psychoneuroendocrinology Journal o grupo de pessoas que apresentavam depressão apresentou maiores níveis do hormônio do estresse, bem como os participantes que faziam parte do grupo de risco para o transtorno depressivo.
Principais sinais e sintomas de cortisol baixo
Os níveis baixos do hormônio também podem prejudicar a saúde, apresentando sintomas ou desencadeando doenças, como a insuficiência adrenal.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia explica que, em um organismo com funcionamento normal, a hipófise produz ACTH, hormônio que estimula a produção de cortisol.
No entanto, quando as concentrações de corticoide no sangue estão elevadas, o ACTH deixa de ser produzido e, portanto, as glândulas suprarrenais deixam de liberar o hormônio do estresse.
Segundo a Endocrine Society, os principais sinais e sintomas em casos de produção hormonal baixa incluem:
- perda de peso;
- fadiga em excesso;
- oscilações de humor;
- alterações na pele, como 1;
- anemia e inflamações frequentes.
Pressão baixa, falta de apetite e irritabilidade também podem ser sinais de que os níveis do hormônio estão baixos.
Em alguns casos, a produção irregular pode desencadear depressão, assim como acontece nos altos índices hormonais.
Possíveis tratamentos para cortisol alto e baixo
Quando o cortisol é considerado alto ou baixo demais, o endocrinologista, médico especialista responsável por avaliar o quadro, pode indicar ações de controle ou reposição hormonal, de acordo com cada caso.
É possível identificar essas alterações a partir de exames de sangue ou urina, que podem ser solicitados pelo médico após análise clínica para investigar o quadro e obter um diagnóstico correto.
Ao observar sinais e sintomas recorrentes, busque um médico para receber o tratamento adequado.
Dicas para controlar o nível de cortisol
Como o hormônio tem atuação direta em diversos processos do corpo humano, mantê-lo em níveis adequados é um passo fundamental para garantir a saúde e o bem-estar do organismo.
Além dos exames de rotina, que ajudam a prevenir um desequilíbrio hormonal, incluir alguns hábitos no dia a dia também pode contribuir para a produção adequada da substância.
Confira algumas ações práticas.
Manter uma boa rotina de sono
A qualidade do sono influencia a regulação do hormônio no organismo, de acordo com o artigo publicado pela Revista Portuguesa de Psicossomática.
Segundo o estudo, o ruído durante a noite é um dos fatores de maior impacto negativo para uma boa noite de sono.
Os dados levantados mostram que os indivíduos expostos a ruídos de baixa frequência durante a noite não produziram o nível normal do hormônio durante a manhã.
Por isso, reduzir os estímulos externos, tanto sonoros como luminosos, podem contribuir para uma rotina de sono mais saudável.
Definir horários para dormir e acordar, evitar o uso de celular ao deitar e organizar o ambiente são outras práticas que podem ajudar a dormir bem.
Adotar hábitos de alimentação mais saudáveis
A alimentação pode impactar na saúde em diversas formas, inclusive no desequilíbrio do hormônio do estresse.
Por isso, é importante manter uma dieta equilibrada, rica em alimentos naturais e sem consumo excessivo de ultraprocessados ou açúcar.
“Clinicamente, descobri que quando as pessoas estão comendo mais alimentos ‘reais’, elas têm menos ansiedade, seu sono é melhor, elas têm mais energia”, disse a nutricionista Britni.
Segundo a especialista, essas pessoas são mais felizes e, por isso, conseguem lidar melhor com os fatores estressantes.
Cuidar da saúde mental
Uma vez que o hormônio é ativado em situações de possível ameaça e pode ter os níveis elevados em casos de estresse crônico, cuidar da saúde mental torna-se tão importante quanto cuidar da saúde física.
Exercitar o sentimento de gratidão, por exemplo, é uma das ações que podem auxiliar no dia a dia.
“A gente precisa criar rotina e ter alguns mecanismos que fazem com que a gente consiga reequilibrar as emoções”, disse o neurocirurgião Fernando Gomes, em entrevista à CNN.
“Práticas como atividade esportiva e até mesmo meditação são situações que fazem com que a gente consiga gerenciar e entender as nossas emoções”, indica o especialista.
Caso necessário, buscar ajuda profissional de especialistas na área de psicologia e psiquiatria também é um fator de cuidado importante para a saúde mental.
Praticar exercícios de respiração
Assim como a meditação, os exercícios de respiração também podem ajudar a lidar com momentos de estresse.
Com o foco na respiração, é possível relaxar e reduzir os níveis de hormônio liberados diante de estressores.
A técnica de respiração 4-7-8 é um desses exercícios, que pode ajudar a reduzir a ansiedade, bem como desacelerar a mente na hora de dormir, por exemplo.
Em entrevista à CNN, Rebecca Robbins, instrutora de medicina na Harvard Medical School, explicou que esse tipo de atividade traz a oportunidade de praticar o “estar em paz”.
“Quando podemos gerenciar nosso estresse ao longo do dia (e) implementar algumas dessas técnicas de respiração, podemos nos colocar no banco do motorista em vez de ser vítimas de eventos que acontecem em nossas vidas”, afirmou a especialista.
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