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    Correspondente Médico: Quais são as consequências da Covid-19 para o cérebro?

    Alterações que afetaram humor, padrão de memória, olfato, paladar e mobilidade foram observadas três meses depois da evolução da doença

    Na edição desta sexta-feira (21) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes abordou as conclusões mais recentes sobre os efeitos da Covid-19 na anatomia cerebral e explicou como isso pode afetar a saúde.

    “Algumas áreas do cérebro relacionadas tanto com a questão do olfato, memória, percepção do movimento, tomada de decisão e até mesmo da audição se mostraram alteradas”, apontou ele. “Além disso, a comunicação que é feita entre um grupo de neurônios e o córtex cerebral com outro também mostraram alteração”.

    Essas alterações que afetaram humor, padrão de memória, olfato, paladar e mobilidade foram observadas mesmo três meses depois da evolução da doença.

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    Correspondente Médico: Fernando Gomes aborda os efeitos da Covid-19 no cérebro
    Correspondente Médico: Fernando Gomes aborda os efeitos da Covid-19 no cérebro
    Foto: CNN (21.ago.2020)

    “São pacientes que tiveram uma evolução satisfatória, mas mostraram que alguma coisa acontece no cérebro e pode ter um caráter definitivo de mudança cerebral”, disse. 

    Para avaliar o quadro completo e se esses efeitos irão se prolongar, o médico frisou que ainda será preciso acompanhar a evolução dos casos.

    “Essa é a preocupação que temos daqui para frente. Essas alterações foram encontradas, mas vamos precisar de um período de segmento para saber se são definitivas ou não e se isso configura um risco para a saúde mental a médio e longo prazo”, afirmou.

    Gomes ainda destacou que o novo coronavírus está sendo alvo de muitos estudos e bastante atenção da comunidade médica, o que, para ele, pode significar que essas assinaturas também podem ser efeito de outras doenças, mas que estão mais evidentes diante da Covid-19. 

    “Tudo é muito novo. Me pergunto se outras doenças foram tão estudadas como o novo coronavírus tem sido estudado. Temos aqui uma assinatura cerebral que pode estar presente em outras doenças também, mas a gente não teve a oportunidade para prestar atenção”, disse ele. 

    Por fim, o neurocirurgião disse que as alterações cerebrais podem ser identificadas em exames de ressonância magnética, mas ressaltou que “ainda não tem aplicação clínica para isso ser realizado”.

    “Quando você faz uma avaliação neuropsicológica, com uma bateria de exames, você consegue mapear se existe alteração da função e a expressão dessas alterações no desempenho cognitivo do corpo”, afirmou.

    “Então, muito mais do que ter a imagem, um bom exame neurológico realizado por um neurologista pode trazer informações importantes, porque o que importa é a função, que a pessoa tenha a vida normal de antes da infecção”, concluiu.

    (Edição: André Rigue)