Correspondente médico: Fungo que afeta recuperados de Covid na Índia é raro
Neurocirurgião Fernando Gomes explica que indivíduos imunossuprimidos e com diabetes não controlada estão mais suscetíveis a desenvolver a mucormicose
Na edição desta terça-feira (25) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explica o que é a mucormicose, o fungo que está atingindo milhares de pessoas na Índia, sobretudo pacientes que já se recuperaram da Covid-19.
Gomes explica que esta é uma doença “oportunista”, que se aproveita do organismo imunossuprimido.
“Não significa que uma pessoa que teve Covid-19, necessariamente vai desenvolver a mucormicose. Mas, principalmente, se ela tiver a questão do diabetes descompensado, existe uma porta aberta para que o sistema imunológico não funcione de forma adequada. Juntando a presença do fungo com este sistema não competente, a doença pode ser instalada.”
O neurocirurgião avalia que esta é uma doença rara e não contagiosa, “mas tem uma mortalidade envolvida no processo muito grande, quase de 50%.”
De acordo com Fernando Gomes, o fungo pode se manifestar de diferentes formas “clássicas”: na face, nos pulmões, na pele e no aparelho gastrointestinal.
A rinocerebral afeta as cavidades das faces e pode ser comparada com uma infecção simples, como a Sinusite. Só que, segundo ele, a causada pelo fungo pode ter uma evolução bastante grave “inclusive com o acometimento de envoltórios, ganhando, por corrente sanguínea ou contiguidade, o tecido cerebral.”
Gomes mostra como o fungo pode desencadear um problema cutâneo. “Quando a gente vê lesões pretas tanto na boca como na própria pele que sofre alterações clássicas.”
As razões pelas quais a doença vem se espalhando na Índia é vista pelo neurocirurgião sob dois pontos de vista.
“Talvez haja um número maior de pacientes diabéticos não compensados, não controlados, com uma taxa de glicemia estourada à longo prazo. Ou, pode ser consequência de imunossupressores que são utilizados no tratamento do coronavírus.”