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    Correspondente Médico: Como o chikungunya afeta o sistema nervoso central?

    Fernando Gomes diz que 'o vírus tem uma capacidade de ultrapassar uma barreira de proteção natural e chegar ao sistema nervoso central'

    Um novo estudo sobre os efeitos no corpo humano do vírus chikungunya apontou que além dos já conhecidos danos nas articulações, a doença pode infectar também o sistema nervoso central e comprometer funções motoras.

    Na edição desta quinta-feira (27) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explica os resultados do estudo e afirma que a pesquisa mostrou que o “chikungunya tem um poder diferente do que a gente acreditava”.

    Ele esclarece que “o vírus tem uma capacidade de ultrapassar uma barreira de proteção natural e chegar ao sistema nervoso central”. “Isso tem uma grande correlação com casos graves que acabam evoluindo para óbito”, acrescenta. 

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    Correspondente Médico: o neurocirurgião Fernando Gomes
    Correspondente Médico: o neurocirurgião Fernando Gomes fala sobre estudo que apontou como chikungunya afeta o sistema nervoso central
    Foto: CNN (27.ago.2020)

    “Além da questão clássica das dores articulares, que podem persistir por meses, pode existir alguma alteração neurológica grave, definitiva e que até mesmo influencie em outras patologias neurodegenerativas”, aponta.

    Gomes defende que “é importante fazer um acompanhamento desses pacientes sempre que a gente encontra um dado científico novo.

    A pesquisa que apontou os novos efeitos do chikungunya foi realizada por 38 pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade de São Paulo (USP), do Ministério da Saúde, do Imperial College de Londres e da Universidade de Oxford.

    O trabalho teve como base os dados clínicos, epidemiológicos e amostras laboratoriais de pacientes que morreram durante o maior surto da doença nas Américas, no Ceará, em 2017. Na época, foram registrados 105 mil casos suspeitos e 68 mortes.

    Os pesquisadores verificaram os prontuários médicos e observaram que a maioria dos mortos durante o surto no Ceará apresentou síndrome neurológica, ou seja, lesões no sistema nervoso central que podem comprometer as principais funções motoras.

    “As dores articulares eram bem conhecidas e estão relacionadas com a denominação da doença, que no idioma suaíli significa aquele que se dobra [de dor]. No entanto, identificamos também graves problemas no sistema nervoso”, disse William Marciel de Souza, pesquisador da USP e coautor do artigo publicado na revista Clinical Infectious Diseases, à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP).

    Das 36 amostras de tecido cerebral de vítimas da doença no Ceará, 4 delas (11%) continham o microrganismo. 

    “A presença do vírus dentro do cérebro de infectados significa uma caracterização bem clara de que ele consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica – que protege o sistema nervoso central – e tem capacidade de causar uma infecção no cérebro e na medula espinhal”, explica o pesquisador.

    A chikungunya é transmitida por meio da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. 

    (Com informações da Agência Fapesp)

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