Correspondente Médico: Como lidar com o pessimismo durante a pandemia?
Brasil superou a marca de 100 mil mortes e três milhões de casos de coronavírus
O Brasil registrou, no sábado (8), mais de 100 mil mortes pelo novo coronavírus e 3 milhões de casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde. A marca foi alcançada 143 dias após a primeira morte pela doença no Brasil.
Na edição desta segunda-feira (10) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes analisou os impactos dos atuais números da pandemia no cérebro humano e explicou o efeito das emoções, incluindo pessimismo e desânimo, no organismo. De acordo com ele, o ‘luto coletivo’ é uma consequência destes números expressivos.
“Quando temos acesso à informação, duas entradas acontecem em nosso cérebro. Temos a objetiva, que transporta informações em termos numéricos, no hemisfério esquerdo. No caso de uma informação subjetiva, como mostrar as imagens das covas nos cemitérios por exemplo, ela acaba impactando de uma maneira diferente. Neste caso, ela atinge o sistema límbico e o hemisfério direito, causando sensações subjetivas, fúnebre e de medo”, explicou o médico.
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Na avalição de Gomes, a reação da pessoa diante deste cenário é crucial para saber se ela é otimista ou pessimista. “Sempre existe uma influência genética e do que aconteceu durante o processo de desenvolvimento do cérebro da pessoa. No entanto, vale lembrar que isso vai depender também da situação e da relevância do momento”, avalia.
E prosseguiu: “O momento faz com que a gente tenha que crescer para dentro do nosso próprio crescimento. A situação é nova e não é simples. Muitas pessoas não vão vivenciar isso de uma forma semelhante. Nosso cérebro pode oscilar durante os períodos, as emoções aparecem e vão embora, isto é natural. O mesmo acontece com o pessimismo e o otimismo”.
Além disso, as incertezas em torno do novo coronavírus geram ainda mais o sentimento de angústia, já que ainda não se tem uma previsão para o término da situação. Portanto, o impacto deste sentimento pode se intensificar e desencadear a depressão.
“Quando fazemos um paralelo de como a pessoa é no decorrer de sua vida, fica mais simples da gente identificar uma depressão, por exemplo. Indivíduos com este diagnóstico tendem ter a pior visão possível sobre a realidade. No entanto, a situação também pode nos apresentar diversas oportunidades para sair do que incomoda”, finalizou.
(Edição: André Rigue)