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    Como ajudar a melhorar o relacionamento entre irmãos

    Pais podem usar técnicas e estratégias para fazer com que os filhos se deem melhor

    Katie Hunt, da CNN

    A rivalidade entre irmãos muitas vezes é considerada um fato não explorado da vida familiar – pelo menos não no mesmo nível que são tratados a transição da fralda para o penico ou a contação de histórias antes de dormir.

    Nem por isso, segundo especialistas, os pais precisam aturar provocações e brigas sem agir: existem estratégias e técnicas para ajudar irmãos e irmãs a se darem melhor, fortalecendo um relacionamento que os apoiará por toda a vida e formará um lar mais harmonioso.

    Dada a proximidade forçada, essa realidade é ainda mais evidente para muitas famílias, com a pandemia da Covid-19 em curso. Assim, um plano para melhorar o relacionamento entre irmãos pode ser um salva-vidas para pais em dificuldades, cansados de insultos rosnados e objetos arremessados.

    “Faz parte da nossa cultura, pelo menos nos Estados Unidos, pensar que irmãos brigam, que em muitas ocasiões não vão se dar bem, é isso que eles fazem e pronto”, disse Laurie Kramer, professora de psicologia aplicada na Northeastern University, em Boston.

    “Com a vida social tão restrita nos tempos atuais, as famílias começam a ver mais o valor de encorajar seus filhos a serem amigos e em alguns aspectos a serem companheiros e parceiros de brincadeiras”.

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    Ao contrário de muitos de nossos relacionamentos, não escolhemos nossos irmãos, e isso contribui para uma dinâmica única. Para a professora de psicologia, irmãos e irmãs podem suportar muito mais negatividade e comportamentos que simplesmente não aturariam entre amigos.

    Essa é uma das razões pelas quais as interações entre irmãos são tão importantes em termos de desenvolvimento. Os relacionamentos permitem que as crianças experimentem um novo comportamento social e emocional, especialmente quando se trata de conflito, ajudando-as a aprender maneiras de controlar as emoções e desenvolver a consciência dos pensamentos e sentimentos das outras pessoas.

    “É útil para as crianças terem experiências em um relacionamento muito seguro com um irmão ou irmã, no qual podem trabalhar conflitos e aprender habilidades de gerenciamento de crises que poderão usar em outros relacionamentos em suas vidas”, disse Kramer.

    “O conflito pode ser muito construtivo e útil. Ajuda as crianças a ter uma noção de quem são e da sua própria identidade”.

    Vale a pena os pais passarem algum tempo para ajudar os filhos a se darem bem, pois esses são os relacionamentos mais longos entre as nossas relações mais íntimas. Essa história compartilhada pode ser muito importante em uma crise.

    Então, quais etapas você deve seguir para ajudar os irmãos rivais a se darem bem? Aqui estão algumas ideias.

    Um de cada vez

    Pode parecer contraintuitivo, mas estabelecer um tempo individual regular com cada filho é um bom primeiro passo.

    “Quando você está com um de cada vez, não há competição pela sua atenção. Não há vencedores e perdedores nesse aspecto”, explicou o terapeuta familiar Jonathan Caspi, professor do departamento de ciências da família e desenvolvimento humano na Montclair State University, em Nova Jersey.

    “Esse tempo sozinho permite o elogiar e corrigir sem uma plateia de outras crianças, e isso importa. É uma relação mais livre e na qual o vínculo e a proximidade podem ser desenvolvidos sem interferências”, continuou.

    Outra dica: embora seja tentador aproveitar os momentos em que eles se dão bem para fazer as suas próprias coisas, é importante reservar um momento e elogiar os irmãos quando eles estão cooperando e brincando bem. Preste atenção no bom comportamento, assim como no mau comportamento.

    Intervir ou ignorar?

    Crianças correndo pela casa
    Crianças correndo pela casa
    Foto: Shutterstock

    Mais difícil de lidar são as brigas e saber quando intervir ou não. Para Caspi, como regra, é melhor ignorar brigas simples.

    No entanto, ele ressaltou que a violência física e os xingamentos que muitas vezes a acompanham devem ser policiados.

    “Uma vez que a violência aumenta gradativamente em sua gravidade, é importante que os pais parem a agressão verbal antes que ela se torne física. O xingamento é violência e abre a porta para uma escalada mais grave”.

    “Não permita que seus filhos chamem uns aos outros palavrões ou termos negativos como ‘gordo’, ‘burro’, ‘nojento’ etc. As feridas físicas cicatrizam, mas as verbais podem durar por toda a vida.”

    Como explica a professora Kramer, crianças com menos de 8 anos geralmente não têm as habilidades para administrar conflitos, e isso deve encorajar os pais a agirem como mediadores ou treinadores para facilitar a solução do problema em questão, em vez de servirem como juízes.

    “O que acontece quando os pais não fazem nada e não intervêm é que os filhos podem receber a mensagem de que os pais acham que o que você está fazendo está certo, que tudo bem continuar brigando um com o outro”, completou.

    “Nós encorajamos os pais a intervir para ajudar as crianças a administrar conflitos por conta própria”.

    Por exemplo, Kramer sugeriu dizer algo assim: “Estou ouvindo uma briga. Estou ouvindo uma discussão. Queria que vocês dois resolvessem isso juntos. Se precisar de ajuda, estou ali no final do corredor, mas vamos ver o que você pode fazer por conta própria”.

    O terapeuta Caspi conta que, antigamente, pensava-se que as meninas usavam mais agressão verbal do que os meninos, mas pesquisam sugerem que as irmãs são tão propensas a usar a violência física quanto os irmãos.

    “A diferença pode ser a gravidade da violência física. Os meninos tendem a causar mais danos, principalmente quando mais velhos. Também era entendido no passado que as meninas confiavam mais na agressão relacional (por exemplo, estratégias para humilhar socialmente, isolar, ferir a reputação) do que os meninos. No entanto, há evidências de que os irmãos também usam essa abordagem”

    O que não fazer

    O perigo de intervir ou se envolver nas desavenças das crianças é que o tiro pode sair pela culatra e alimentar a briga.

    Caspi lembra que os pais tendem a intervir em nome dos filhos mais novos, o que gera mais ressentimento nos mais velhos e capacita os mais caçulas desafiar os maiores com mais frequência. Evite frases como “Você é maior, seja legal com seu irmão/sua irmã!” “Seja um modelo” ou “Ela(e) é pequena(o), deixe o brinquedo para ela(e)”.

    “Outro motivo de briga são os pais que fazem muitas comparações. É uma atitude que precisa ser evitada. As crianças ouvem as comparações e isso cria mais competição e luta”, aconselhou.

    Também é importante levar as reclamações a sério. Um exemplo é quando uma criança diz constantemente que ‘não é justo!’. Isso é algo que considero desafiador ao lidar com minhas próprias filhas”, confessou.

    “Quando os filhos reclamam de justiça, os pais muitas vezes ignoram o pedido, o que apenas confirma a sensação de que eles estão do lado de fora na relação pais-filhos. Reconheça os sentimentos e discuta-os abertamente”, afirmou o terapeuta.

    “Os pais devem observar como eles intervêm nos conflitos entre irmãos. Você está do lado de um mais do que do outro? Se sim, mude”.

    Por último, e talvez o mais importante, tanto Caspi quanto Kramer disseram que é importante que os pais deem um tempo e cuidem de sua saúde mental. Crianças podem captar o estresse e a tensão, e isso pode levar a mais brigas.

    “Os pais estão sobrecarregados de muitas maneiras diferentes agora”, disse a professora Kramer.

    (Texto traduzido, leia o original em inglês)