Comissão de pesquisas diverge da Anvisa e apoia sequência de testes da Coronavac
'Entendemos que o óbito do voluntário não estava relacionado à aplicação da vacina, por isso optamos por não suspender os ensaios', diz Conep, em nota
![Profissional de saúde segura caixa da Coronavac, vacina contra Covid-19 da chinesa Sinovac Profissional de saúde segura caixa da Coronavac, vacina contra Covid-19 da chinesa Sinovac](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2021/06/13105_CC55179CE3DD9DAA-13.jpg?w=1220&h=674&crop=1&quality=50)
Responsável pela análise dos protocolos de pesquisas da Covid-19 no Brasil, a Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep) se manifestou nesta terça-feira (10) a favor da continuidade no Brasil dos testes clínicos da Coronavac.
A Coronavac é um projeto de vacina contra a Covid-19, doença do novo coronavírus, elaborado pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e testada no país em parceria com o Instituto Butantan.
A Agência Nacional de Vigilância em Sanitária (Anvisa), por outro lado, defende a suspensão dos testes, paralisados na noite de segunda-feira (9), após a informação da morte de um voluntário vir à tona. A morte está sendo investigada como sendo um suicídio, o que não teria nenhuma relação com qualquer efeito colateral dos testes.
A decisão da autorização de retorno dos testes clínicos, que segue sem previsão, ainda cabe à Anvisa. Nenhum voluntário poderá ser vacinado enquanto a suspensão estiver em vigor.
“Entendemos que o óbito do voluntário não estava relacionado à aplicação da vacina, por isso optamos por não suspender os ensaios e recomendamos que os pesquisadores nos trouxessem apenas a avaliação final de seu comitê independente”, informou o médico Jorge Venâncio, da Conep, em comunicado à imprensa.
Assista e leia também:
‘Não somos parceiros, somos árbitros da vacina’, diz Anvisa sobre testes
Evento adverso que interrompeu fase 3 da Coronavac foi suicídio de voluntário
Diretor do Butantan nega reação adversa grave em testes da Coronavac
O Instituto Butantan, responsável pela produção da vacina no Brasil, informou ter sido pego de surpresa com a notícia de interrupção dos testes, que estão na terceira e última fase de análises.
Fernando Pigatto, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS) — órgão ligado ao Conep — também reforçou que todas as recomendações tomadas tem levado o embasamento científico o conhecimento técnico em consideração.
“Toda e qualquer vacina que tiver comprovada sua eficiência tem que ser disponibilizada para a população brasileira”, informou o presidente em vídeo, acrescentando que a Anvisa e o Butantan precisam ser preservados de disputas e brigas ideológicas.
Pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) definiu como uma vitória sua a paralisação dos testes clínicos da Coronavac.
“Morte, invalidez, anomalia… Esta é uma vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser comprada. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha“, afirmou a conta oficial de Bolsonaro na rede social.
A citação ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é derivada do fato de o Instituto Butantan ser uma entidade ligada ao governo paulista.
Doria reforçou a afirmação de que o “efeito adverso grave de um voluntário da Coronavac não está relacionado à vacina” e disse acreditar que a Anvisa fará uma avaliação técnica e vai liberar a retomada dos testes.
“Anvisa é um órgão técnico. Confio que testes com vacina do Butantan serão retomados de imediato. Objetivo do Butantan é viabilizar vacina segura para todos os brasileiros. Único adversário é o vírus”, escreveu, também nas redes sociais, o governador de São Paulo.