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    Com Ômicron, não é hora de achar que pandemia acabou, diz ex-presidente da Anvisa

    Dirceu Barbano diz que estamos dando o exemplo daquilo que não deve ser feito em um momento colocar as questões sanitárias e de saúde pública à frente das demais

    Ingrid Oliveirada CNN

    São Paulo

    Nesta terça-feira (14), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela obrigação do certificado da vacina contra a Covid-19 no país — que já passa a valer imediatamente.

    Viajantes que saíram do país antes da decisão submetem-se às regras anteriores, ou seja, não são obrigados a apresentar carteira de vacinação.

     

    Dirceu Barbano, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, disse à CNN que “estamos dando o exemplo daquilo que não deve ser feito em um momento colocar as questões sanitárias e de saúde pública à frente das demais.”

    Barbano destaca a história da Anvisa de controlar a imunização contra as doenças e aponta que a Agência tem dificuldade de operar o controle daquilo que é de praxe. “Tivemos esperar que o STF faça. Isso já é um problema.”

    Apesar disso, ele aponta que o caminho é atribuir responsabilidade a quem tem. “Tudo que estamos vivendo é responsabilidade das atitudes negacionistas do governo federal. Essas atitudes comprometem a capacidade que o país tem de fazer as coisas direito”, disse.

    Quarentena no país

    Dirceu Barbano critica também o modelo de adotar quarentena de apenas cinco dias para entrar no país.

    “O padrão que vem sendo adotado no mundo todo são quarentenas que variam de 10 a 14 dias. O que muitos países adotam é um teste, mas nunca menor do que 10 dias.”

    “Nós temos que entender essa medida como uma barreira de controle. O objetivo é simples, é garantir que alguém que tenha vindo, e que chegado ao país já infectado com o vírus, não seja um vetor de transmissão para outras pessoas.”

    Ele explica que “o que a ciência nos ensinou é que o tempo que tem a segurança de saber se a pessoa ainda transmite o vírus é no mínimo de 10 dias.

    Seringa com dose de vacina da Pfizer contra Covid-19 em
    Dirceu Barbano aponta que o caminho para controle do coronavírus é a vacinação / 23/02/2021 REUTERS/Brendan McDermid

    “Se nós olharmos para o que acontece lá fora, países inclusive indicam as pessoas a ficarem em locais escolhidos pelas autoridades [para a quarentena]”, aponta.

    O Brasil está muito atrás de um padrão ‘ouro’. “Aqui, pelo que se observa pela fragmentação de responsabilidades, é que essas barreiras [medidas de proteção] vão ficando frágeis.”

    Aqui, se optou pelo ‘faz de conta’ de que temos um problema, disse Barbano. “As mais de 630 mil pessoas que perderam a vida, suas famílias, seus entes queridos, são testemunhas de que esse faz de conta causou uma grande tragédia e um grande trauma para todos nós.”

    Ômicron

    Barbano aponta que com a chegada da Ômicron, não é hora de achar que a pandemia acabou.  “É triste, mas é verdade. Esse vírus causa morte. Seja a cepa original, sejam as variantes já identificadas.”

    Para o ex-presidente da Anvisa, a forma de proteção é adotar a vacina. “Temos que valorizar o ato da vacinação, que não é um ato individual. Entender isso como uma forma de responsabilidade com a vida de outras pessoas”, disse.

    Ele acredita que a “humanidade ainda vai continuar enfrentando esse problema por algum tempo.”