Delta exige pouca carga viral para provocar doença, explica infectologista
Variante tem capacidade maior de ligação com as células dos seres humanos, segundo o especialista Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia
O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) revelou que a variante Delta é tão contagiosa quanto a Catapora e tem atingido pessoas vacinadas. Segundo o estudo, cada pessoa contaminada pela Delta é capaz de contagiar outras oito.
Em entrevista à CNN, o infectologista e integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Otsuka, explica que isso acontece porque esta variante tem capacidade maior de ligação com as células dos seres humanos.
“As variantes que vão ter destaque são aquelas que ganham ou dão algum ganho para o vírus. E o principal ganho que a gente vê [na Delta] é a maior capacidade de ligação com a célula do hospedeiro, com o receptor do hospedeiro, e isso faz com que a gente precise de uma carga viral menor para provocar doença.”
Otsuka destaca que, embora não esteja provado que ela leve o indivíduo a desenvolver um quadro mais grave, a capacidade de se espalhar e provocar novas ondas é preocupante.
“Inclusive ela pode infectar pessoas vacinadas e permitir que estas pessoas vacinadas transmitam o vírus. Então, a gente não vai ter uma gravidade maior, mas terá uma maior chance desta variante infectar qualquer pessoa que tomou qualquer vacina.”
“Esse é um problema, porque faz com que o vírus continue circulando mesmo com a vacinação”, complementa.
A respeito das flexibilizações anunciadas pelo governo de São Paulo e sobre a possibilidade do Rio de Janeiro organizar festas de retomada no segundo semestre, o infectologista diz que estas afirmações são “precoces”.
“Achamos que ainda é muito cedo. Ainda temos 40 mil casos por dia, sem contar aqueles que a gente não identifica. Nós ainda temos mais de mil mortes por dia, então é precoce, até porque nós temos pouco mais de 20% de nossa população vacinável, digamos assim, completamente vacinada.”
* (supervisionado por Elis Franco)