CNN Sinais Vitais mostra que as queimaduras são um problema de saúde pública
Programa apresentado pelo Dr. Roberto Kalil vai ao ar neste sábado (17), às 19h15
As queimaduras são consideradas um problema de saúde pública no Brasil. Todos os anos em torno de 1 milhão de pessoas se queimam no país.
Desse total, ao menos 100 mil buscam atendimento hospitalar e, destes, 3 mil morrem, direta ou indiretamente, em função das lesões. Os dados são do Ministério da Saúde e compreendem um período de dez anos (2011 a 2019).
Neste episódio, a equipe do “CNN Sinais Vitais” foi até a Unidade de Tratamento de Queimaduras do Hospital Estadual de Bauru, no interior de São Paulo, onde a principal causa de queimaduras são acidentes provocados por álcool.
“Representam 50% dos nossos pacientes internados e são causados por todo tipo de álcool, seja líquido, em gel, o combustível (etanol) que as pessoas estão usando para acender churrasqueiras, ou até mesmo para queimar folhas no fundo do quintal”, diz Cristiane Rocha, cirurgiã plástica e coordenadora da unidade.
“Em segundo lugar vem as queimaduras por escaldo, que são queimaduras com líquidos quentes, e aí acaba atingindo as crianças, elas que são as mais vulneráveis nesse tipo de queimadura”.
Para entender na prática os perigos com líquidos quentes, inflamáveis, choques elétricos e fogo em ambientes domésticos e no trabalho, a equipe foi até o comando do Corpo de Bombeiros, em São Paulo.
“A gente vai acender aqui com um fósforo o álcool em gel e o álcool líquido, o etanol, e vai ver a diferença na visibilidade e na quantidade de chama”, diz o capitão André Elias, porta-voz da corporação, em uma demonstração.
“O álcool líquido forma uma nuvem de vapor inflamável que atinge seu ponto de ignição e ela pega fogo por completo e repentinamente. É isso que dá a explosão”.
O capitão também cita algumas medidas de prevenção: “Primeiro lugar que a nossa cozinha é um perigo, principalmente para as crianças e para os idosos, então, sempre que for cozinhar, colocar as panelas na boca de trás do fogão, sempre que possível o cabo da panela para dentro do fogão, para que essa criança não bata a mão no cabo, e acabe derrubando essa panela e todo o seu conteúdo em cima dela”, diz.
“Uma outra coisa muito comum que a gente observa, são as famílias que usam ainda aquelas toalhas de mesa compridas. Então a mãe vem, coloca a sopa em cima da mesa, criança puxa a toalha, e o que tá em cima da mesa cai em cima dela”.
Para finalizar, ele reitera: “Não use álcool para cozinhar e cheque sempre possíveis vazamentos no seu GLP usando uma esponja com detergente. Passe sobre as conexões e se fizer bolhas, pipocar, é porque tem problema”.
Segundo os especialistas, as queimaduras podem ser classificadas quanto à profundidade.
- Primeiro grau, quando as lesões atingem somente a camada epidérmica.
- Segundo grau, quando há comprometimento da epiderme e a camada superficial ou profunda da derme.
- Terceiro grau, acometendo, além da pele, outros tecidos como o subcutâneo, músculos, tendões e até mesmo os ossos.
“Quanto maior a área corporal queimada, maior o índice de mortalidade, mas também deve-se considerar os fatores idade, agentes e gravidade das queimaduras, condições de resgate antes da hospitalização, complicações e estado de saúde antes da lesão”, diz Breno Pessoa, cirurgião plástico e chefe do Centro de Queimados do Instituto José Frota (IJF), em Fortaleza.
O IJF é referência no atendimento a queimados no Brasil e é ali que vamos conhecer um procedimento com pele de tilápia em um paciente queimado nos braços em um acidente com líquido quente.
Desenvolvida por médicos do Ceará nos últimos sete anos, a pesquisa com pele de tilápia provou que ela age como um curativo para queimaduras de segundo e terceiro graus e o seu uso acelera o processo de cicatrização, além de diminuir a dor do paciente.
Ao todo, mais de 500 pessoas já foram beneficiadas com o procedimento no Brasil. A estimativa é que o produto seja aprovado pela Anvisa e esteja disponível no SUS em menos de dois anos.
O trabalho envolve 297 pesquisadores, nove estados brasileiros, oito países e 26 publicações em revistas nacionais e internacionais, com 19 prêmios conquistados.
“Há estudos ainda com a Nasa, Fiocruz e Butantan, citação da pesquisa em quatro seriados internacionais, como Grey’s Anatomy, Good Doctor, Vampiros e The Resident, além de quatro patentes com produtos desenvolvidos a partir da pele da tilápia”, diz Edmar Maciel, coordenador geral da pesquisa e presidente do Instituto de Apoio e Reabilitação do Queimado, em Fortaleza.
“Também participamos de missões em incêndios na Califórnia, Líbano e Pantanal”, completa.
Dependendo do grau da queimadura e da extensão da área queimada, o paciente pode ficar internado durante semanas, meses, e mesmo após a alta hospitalar, vai precisar continuar em acompanhamento médico, psicológico, fisioterapêutico e terapêutico ocupacional.
O “CNN Sinais Vitais”, com Dr. Roberto Kalil, vai ao ar no sábado, 17 de fevereiro, às 19h15, na CNN Brasil.