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    CNN Sinais Vitais mostra como reduzir os riscos da hipertensão

    Adoção de hábitos alimentares saudáveis contribui para prevenir o desenvolvimento da pressão alta, dizem especialistas

    Lucas RochaCarolina Marcelinoda CNN , em São Paulo

    A hipertensão, popularmente conhecida como “pressão alta”, é uma doença crônica definida pelos números elevados da pressão arterial, que existe para facilitar o fluxo de sangue fundamental para o batimento do coração. A condição acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9).

    A hipertensão ocorre quando “essa pressão, dentro das artérias, é muito alta, sobrecarregando o coração na hora do batimento, criando uma resistência que acarreta doenças”, explica o médico Luiz Bortolotto, diretor da Unidade Clínica de Hipertensão do Instituto do Coração (InCor) da Universidade de São Paulo (USP) – veja entrevista no vídeo acima.

    De acordo com um amplo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Imperial College, de Londres, em cerca de 30 anos, o número de pessoas vivendo com hipertensão no planeta dobrou. Os índices mostram um salto de 650 milhões em 1990 para cerca de 1,2 bilhão de hipertensos em 2019 – deste total, cerca de 14% têm a pressão arterial controlada.

    As causas, a prevenção e o tratamento da hipertensão são os temas da reprise do CNN Sinais Vitais desta semana. O programa, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil, vai ao ar neste domingo (3), às 19h45, reforçando o conteúdo diversificado com a marca CNN Soft.

    Doença silenciosa

    O episódio destaca uma das mais perigosas características da doença: a falta de sintomas. Segundo os especialistas, cerca de 20 a 30% da população mundial têm hipertensão e, muitas vezes, desconhecem o diagnóstico. Há o risco de os sintomas se tornarem mais claros somente quando o indivíduo já apresenta o acometimento de órgãos importantes como o cérebro, os rins e o próprio coração.

    A hipertensão pode ser facilmente diagnosticada por meio da medição da pressão arterial. O procedimento, que pode ser realizado em casa ou em unidades básicas de saúde (UBSs), deve ser feito pelo menos uma vez ao ano por pessoas acima de 20 anos. Para indivíduos com histórico da doença na família, a pressão deve ser medida duas vezes ao ano. No programa desta semana, os médicos explicam a maneira correta de se medir a pressão em casa.

    Kalil reforça o alerta para a associação direta entre hipertensão e outras doenças cardiovasculares. “A hipertensão é um mal silencioso porque tem pouco sintoma. Sabemos que ela aumenta a incidência de infarto e acidente vascular cerebral, dentre outras agressões às artérias no corpo, e sabemos também que, no mundo inteiro, a aderência ao tratamento é ruim”, comenta o cardiologista Luiz Bortolotto.

    Prevenção requer mudanças no estilo de vida

    O CNN Sinais Vitais revela que, além dos fatores genéticos, a hipertensão está relacionada a questões sociais e demográficas. O estilo de vida é fundamental para a prevenção da doença, uma vez que o tipo e a qualidade dos alimentos ingeridos podem influenciar no seu desenvolvimento.

    “As famílias de baixa renda nem sempre têm acesso a alimentos saudáveis, a frutas, verduras, e acabam comendo alimentos com alto teor de sal, acabam não tendo uma condição de poder fazer uma atividade física, sofrem com o estresse do dia a dia, da falta de emprego, do estresse do trabalho. Então isso acaba gerando um aumento da incidência da hipertensão”, analisa Juliana Gil de Moraes, cardiologista da Unidade Coronariana do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

    A especialista chama a atenção para o aumento de casos de pressão alta entre jovens, devido ao consumo de alimentos industrializados e ao sedentarismo. “A incidência em adolescentes vem aumentando claramente. É multifatorial, mas 17% da hipertensão nos adolescentes é decorrente da obesidade“, observa.

    “O que a gente tem hoje são dietas ricas em sal. Então há o acesso a alimentos industrializados que têm um teor de sal muito alto, a questão da obesidade, o sedentarismo que acabou deixando as crianças muito presas, adolescentes muito presos”, acrescenta.

    O programa explica, ainda, a relação da apneia do sono com a hipertensão. A apneia do sono é uma condição em que as pessoas, ao dormir, têm estreitamento na passagem de ar na garganta, provocando roncos e pausas na respiração. A consequência é uma queda da oxigenação do corpo.

    Relato de quem vive com hipertensão

    A professora aposentada Patrícia Moreira, do Rio de Janeiro, chegava a apresentar, com frequência, uma pressão de 29 por 20. Em São Paulo, ela foi uma das pacientes do médico Luiz Bortolotto, do InCor.

    Com a pressão descontrolada, a professora chegou a tomar mais de nove tipos de remédio. A internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) passou a ser algo comum por causa da pressão alta. Patrícia foi submetida a um procedimento de “denervação renal”, um tratamento que diminui a ação dos nervos nos rins.

    O excesso de atividade poderia estar relacionado aos altos índices da pressão, devido ao aumento da retenção de líquido e de sal no organismo. O tratamento é indicado para pacientes classificados como “refratários”, ou seja, que têm uma hipertensão difícil de controlar à base de medicação.

    O programa revela os resultados da intervenção e como Patrícia vive atualmente. Ela conta que, logo na primeira consulta, o médico do InCor perguntou: “Patrícia, o que te trouxe de tão longe?”. Ela colocou uma enorme pilha de exames na mesa do médico e disse: “Dr. Bortolotto, eu vim aqui para não morrer”.

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