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    CNN Sinais Vitais discute os desafios no combate aos transtornos alimentares

    Uso exagerado de redes sociais pode estimular a insatisfação com o próprio corpo, segundo especialistas

    Lucas RochaPriscila Mannida CNN , em São Paulo

    Em uma época em que o número de visualizações e curtidas norteia a popularidade das pessoas nas redes sociais, a obsessão pela imagem perfeita pode atrapalhar o tratamento de distúrbios que já não são mais considerados raros, como a bulimia, a anorexia nervosa e a compulsão alimentar. Nesta semana, o CNN Sinais Vitais vai aprofundar a discussão sobre os transtornos alimentares.

    Segundo a médica Claudia Cozer Kalil, “transtornos alimentares são patologias classificadas como doenças psiquiátricas em que a pessoa tem uma relação muito ruim e sofrida com a comida”. Ela é coordenadora do Departamento de Transtornos Alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

    De acordo com o médico Táki Cordás, coordenador do Programa de Transtornos Alimentares (Ambulim), do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), os três principais transtornos são a bulimia, a anorexia nervosa e a compulsão alimentar.

    Segundo o especialista, todos os transtornos somados já superam a incidência de patologias como a depressão, por exemplo. Hoje, a anorexia nervosa, mais prevalente em mulheres, atinge 1% da população; a bulimia, também com maior incidência no sexo feminino, prejudica 2,5%. Já a compulsão alimentar afeta igualmente homens e mulheres em uma taxa de 3,5% dos brasileiros.

    “Fazer uma restrição alimentar muito rigorosa desencadeia qualquer um desses [transtornos]. Ser magro é sinônimo de ter sucesso, de ser bonito, então nós temos uma sociedade que massacra em busca de um modelo ideal de beleza, quando o ideal não existe”, diz Cordás (veja a entrevista no vídeo acima).

    O episódio conta com a participação da jornalista e escritora Daiana Garbin, que conta como os padrões de beleza estabelecidos pela sociedade levaram ao desenvolvimento de transtornos alimentares. “Uma revista da minha época de adolescente dizia que a calça jeans ideal era tamanho 34, 36 ou, no máximo, 38. A primeira calça jeans que me serviu quando eu tinha 12 anos era 42″, conta.

    “Então, eu percebi ali, na minha cabeça de adolescente da época, que meu corpo era muito errado e que eu precisava emagrecer de qualquer jeito para que os meninos gostassem de mim, para que eu fosse aceita pelas coleguinhas da escola”, complementa a jornalista.

    Daiana superou os distúrbios e, hoje, tem um site e um canal no YouTube que ajudam pessoas que enfrentam os mesmos problemas.

    Para Sophie Deram, nutricionista e coordenadora do Projeto de Genética do Programa de Transtornos Alimentares da USP, as redes sociais trouxeram impactos significativos para o desconforto com a alimentação e com a insatisfação corporal.

    “As redes sociais funcionam com imagens. Então aumentam muito a insatisfação corporal das pessoas, não somente [das] mulheres, e a gente vê que isso pode ser um gatilho para procurar uma dieta e para modelar o corpo como está sendo vendido”, diz a nutricionista.

    A médica Cláudia Cozer Kalil alerta que a participação da família é fundamental para o reconhecimento dos transtornos alimentares. “Para a família é muito importante reconhecer esses indivíduos, então você observa uma perda de peso gradativa, uma restrição muito grande na hora de comer, uma ida ao banheiro sempre que está numa refeição”, diz a endocrinologista.

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