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    Clube Militar do RJ anuncia palestra que coloca em dúvida eficácia de vacinas

    Médica que vai ministrar o evento classificava as vacinas como "produtos experimentais injetáveis"

    Profissional da saúde prepara vacina da Coronavac contra a Covid-19 para aplicação no Rio de Janeiro (RJ)
    Profissional da saúde prepara vacina da Coronavac contra a Covid-19 para aplicação no Rio de Janeiro (RJ) Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Lucas JanoneElis Barretoda CNN

    no Rio de Janeiro

    O Clube Militar do Rio de Janeiro está convidando os sócios a participar de uma palestra chamada “Passaporte Sanitário – eventos adversos das vacinas contra COVID-19 e os riscos para a segurança nacional.” O evento será ministrado pela médica Maria Emília Gadelha Serra, na próxima quinta-feira (9). As informações estão disponíveis no site oficial da entidade.

    “Nesse momento delicado que estamos vivenciando é necessário se manter informado, sendo essa pauta de extrema relevância, valendo a pena refletir e pôr na balança todos os prós e contras”, destaca um trecho da publicação na página do Clube Militar.

    Clube Militar do RJ anuncia palestra que coloca em dúvida eficácia de vacinas
    Publicação no site do Clube Militar do Rio de Janeiro divulga palestra sobre vacinas / reprodução

    À CNN, o Clube Militar informou que não irá se manifestar. Já o Ministério da Defesa respondeu que o Clube Militar é formado por militares da reserva e, portanto, não compete ao Ministério da Defesa se pronunciar sobre o fato. A CNN também questionou o Ministério da Saúde, mas não obteve reposta. Os Conselho Federal de Medicina e o Conselho Regional de Medicina informaram que não irão comentar o caso. A CNN também entrou em contato com a clínica da médica Maria Emília Gadelha e não obteve retorno.

    A médica Maria Emília Gadelha é formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com residência médica em Otorrinolaringologia pela Universidade de São Paulo (USP). Nas redes sociais, as postagens da especialista enfatizam a posição da profissional contra o passaporte sanitário. Em julho, a médica foi recebida no Palácio do Planalto pelo presidente Jair Bolsonaro, ocasião em que o entregou um documento sobre riscos das vacinas, classificadas por ela como “produtos experimentais injetáveis”.

    Em um vídeo publicado há quatro dias em seu perfil, Maria Emília discursa na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) com uma apresentação chamada “Passaporte Sanitário: uma questão de saúde, controle social ou uma megaoperação bancária?”. No início da palestra, a médica afirma que a vacina contra o HPV é “outro lixo”, e que “infelizmente já temos a vacinação de crianças de nove a treze anos quase que obrigatória na rede pública desse país, e que é outro veneno que precisa ser cancelado”.

    Para a médica infectologista, e presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, Tania Vergara, apenas duas motivações podem explicar a realização do evento: desconhecimento ou ser antivacina.

    “Eu não consigo entender como alguém se diz médico e é contra a vacina. Está além da minha capacidade de compreensão. As vacinas são o maior progresso em questão de combate de doenças na história do mundo. Não existe algo que tenha controlado tanto o avanço de doenças como a vacinação”, afirma Tania Vergara.

    Também à CNN, o epidemiologista da UFRJ, Celso Ramos, afirmou que a palestra trará apenas pautas ‘negacionistas, retrógradas e obscurantistas’ sobre a pandemia de Covid-19. E, segundo ele, o encontro da próxima semana só servirá para causar mais desinformação entre os brasileiros.

    “As pautas abordadas nesse evento serão estritamente negacionistas, retrógradas e obscurantistas. Eu acho grave disseminar esse tipo de informação. Uma coisa é certa, esse vento não trará nenhum benefício ao público”, destaca.

    Todas as vacinas aplicadas no Brasil foram aprovadas pela Anvisa e possuem eficácia comprovada contra formas graves da Covid-19. A vacina da Pfizer tem uma eficácia de 95% após a segunda dose contra casos leves; a da AstraZeneca/Oxford, 70,4%; a Coronavac, 50,38% e a da Janssen, 73,6%.