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    Cientistas descobrem gene que pode explicar por que algumas pessoas nunca tiveram Covid-19

    Pesquisadores de Oxford identificaram um gene específico associado a uma alta resposta de anticorpos, que também pode estar relacionado à prevenção contra a infecção

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Em mais de dois anos de pandemia de Covid-19, as razões pelas quais algumas pessoas simplesmente não foram infectadas pelo coronavírus ainda intrigam cientistas em todo o mundo. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, podem ter encontrado peças para este grande quebra-cabeças.

    O estudo, publicado no periódico Nature Medicine, aponta como certos genes podem ajudar a gerar uma forte resposta imune após a vacinação com duas doses.

    Os especialistas identificaram um gene específico associado a uma alta resposta de anticorpos, que também pode estar relacionado à prevenção contra a infecção.

    Os pesquisadores identificaram que pessoas portadoras de um alelo (forma alternativa) de um gene HLA chamado HLA-DQB1*06 geraram uma resposta de anticorpos mais alta do que aquelas que não contavam com esse gene. O estudo revela que as pessoas portadoras desse gene, que está presente em duas em cada cinco pessoas no Reino Unido, também eram menos propensas a serem infectadas por Covid-19 após a vacinação do que aquelas sem o gene.

    De acordo com o estudo, o gene HLA ajuda o sistema imunológico a distinguir as proteínas do próprio corpo das proteínas estranhas produzidas por vírus e bactérias. Na pesquisa, são fornecidas evidências de uma relação entre fatores genéticos e a maneira como o sistema imunológico das pessoas responde às vacinas contra a Covid-19.

    “A partir deste estudo, temos evidências de que nossa composição genética é uma das razões pelas quais podemos diferir uns dos outros em nossa resposta imune após a vacinação contra a Covid-19. Descobrimos que herdar uma variante específica de um gene HLA estava associado a respostas de anticorpos mais altas, mas isso é apenas o começo da história”, diz Julian Knight, professor de medicina genômica no Centro Wellcome da Universidade de Genética Humana e investigador-chefe do estudo, em comunicado.

    O especialista afirma que são necessários estudos complementares para explicar melhor o significado clínico dos achados. Para obter o resultado, os pesquisadores de Oxford analisaram amostras de 1.190 participantes que se inscreveram nos ensaios clínicos da vacina contra a Covid-19 da Universidade de Oxford.

    Eles analisaram o DNA de 1.677 voluntários do programa de pesquisa Com-COV, de Oxford, verificando as opções de segunda dose para pessoas que receberam as vacinas da AstraZeneca ou Pfizer como primeira dose. Além disso, também foram examinadas amostras de DNA de crianças que participaram de ensaios clínicos para a vacina AstraZeneca.

    De acordo com a pesquisa, indivíduos portadores do gene HLA-DQB1*06 registraram respostas mais altas de anticorpos contra as vacinas aos 28 dias após a primeira dose. Os mesmos indivíduos foram mais propensos a ter uma maior resposta de anticorpos em todos os momentos após a vacinação.

    A partir da inclusão de dados de uma média de 494 dias de acompanhamento, nos ensaios iniciais, os pesquisadores identificaram que o alelo do gene estava presente em cerca de um terço dos indivíduos que relataram sintomas de Covid-19 e que tiveram um teste positivo para SARS-CoV-2. Em comparação, o gene estava presente em 46% daqueles que não relataram sintomas.

    “Vimos uma grande variação na rapidez com que as pessoas testam positivo para Covid-19 após a vacinação. Nossas descobertas sugerem que nosso código genético pode influenciar a probabilidade de isso acontecer ao longo do tempo. Esperamos que nossas descobertas nos ajudem a melhorar as vacinas para o futuro, para que elas não apenas nos impeçam de desenvolver doenças graves, mas também nos mantenham livres de sintomas pelo maior tempo possível”, disse Alexander Mentzer, professor clínico do Wellcome Center for Human Genetics e principal pesquisador do estudo.

    “Este estudo mostra que nossa composição genética, além de fatores como idade e estado de saúde, afeta a forma como respondemos às vacinas e nosso risco subsequente de doenças – como Covid-19 – o que pode ter implicações importantes no design e implementação de vacinas futuras”, complementou Daniel O’Connor, professor de pesquisa da Oxford Vaccine Group.

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