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    Cientistas associam origens da pandemia de Covid-19 a cães-guaxinins no mercado de Wuhan

    Nova análise de sequências genéticas coletadas no mercado chinês mostra que cães-guaxinins vendidos no local podem carregar e possivelmente espalhar o vírus desde o final de 2019

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    A origem da pandemia de Covid-19 é alvo de estudos ao longo dos últimos três anos pela comunidade científica e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Entre as hipóteses de como o coronavírus passou a infectar humanos estão a transmissão direta de animais para humanos, a introdução do vírus através de um hospedeiro intermediário, na cadeia alimentar ou através de um incidente de laboratório.

    As teorias que buscam explicar as origens do SARS-CoV-2 ganharam um novo elemento. Um grupo internacional de pesquisadores afirmam que dados genéticos apontam que o início da pandemia pode estar associado a cães-guaxinins comercializados no mercado em Wuhan, na China.

    Contexto

    O surgimento do SARS-CoV-2 foi observado pela primeira vez quando casos de pneumonia de causa desconhecida foram detectados na cidade de Wuhan, na China.

    Durante as primeiras semanas da epidemia em Wuhan, observou-se uma associação entre os primeiros casos e o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Wuhan “Huanan”. Os casos foram relatados principalmente em trabalhadores e vendedores do local. Autoridades fecharam o mercado em 1º de janeiro de 2020 para saneamento e desinfecção ambiental.

    O mercado, que vendia predominantemente produtos aquáticos e frutos do mar, bem como alguns itens de animais silvestres de criação, foi inicialmente suspeito de ser o epicentro da epidemia, sugerindo um evento na interface homem-animal. Investigações retrospectivas identificaram casos adicionais com início da doença em dezembro de 2019, e nem todos os casos iniciais relataram uma associação com o Mercado de Huanan.

    O comportamento humano, como a invasão e destruição de habitats naturais das espécies, o consumo de animais silvestres, a falta de protocolos de higiene e as mudanças climáticas estão entre os principais fatores que favorecem o surgimento de surtos, epidemias e, em última escala, de uma pandemia.

    A proximidade com áreas de preservação permite o contato com agentes causadores de doenças que, até então, não tinham infectado humanos. Nesse contexto, há um fenômeno conhecido tecnicamente como spillover – ou transbordamento em tradução livre, que se refere à adaptação de um microrganismo, como um vírus, para ir de um hospedeiro para outro.

    Descobertas

    Uma nova análise de sequências genéticas coletadas no mercado chinês mostra que cães-guaxinins vendidos ilegalmente no local podem carregar e possivelmente espalhar o vírus desde o final de 2019. As descobertas recentes foram relatadas pela revista Atlantic. Para os especialistas, a pandemia pode ter origem natural, e não um vazamento de laboratório, quando o coronavírus se adaptou, passando dos animais para humanos.

    De acordo com o artigo publicado na Atlantic, o estudo teve como ponto de partida sequências genéticas de amostras coletadas na região das bancas do mercado de Wuhan no início da pandemia. Os primeiros dados brutos disponibilizados a pesquisadores fora da China foram publicados no banco de dados internacional Gisaid por especialistas afiliados ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China. Cientistas da Europa, América do Norte e Austrália identificaram as sequências e iniciaram uma análise.

    O estudo liderado por Kristian Andersen, Edward Holmes e Michael Worobey aponta que as amostras identificadas na região do mercado continham material genético animal, incluindo conteúdo compatível com o do cão-guaxinim.

    Considerando as características dos vírus, que não permanecem isoladamente no ambiente, os cientistas apontaram a hipótese de que cães-guaxinins poderiam ter sido infectados pelo coronavírus na área do mercado. No entanto, segundo os pesquisadores, a identificação do material genético do vírus e do mamífero intimamente misturados são apenas um indício da participação animal no contexto epidemiológico do surgimento da pandemia.

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