Cientista pede ajuda ao Brasil e alerta risco de pandemia com nova variante
Eric Feigl-Ding, um dos primeiros a falar sobre Covid-19 nos Estados Unidos, afirma que mundo ainda ‘não entendeu’ a gravidade da cepa P1, descoberta em Manaus
Um dos primeiros cientistas do mundo a chamar atenção para a gravidade do novo coronavírus em 2020, Eric Feigl-Ding fez um novo alerta: sem ajuda internacional para controlar a doença, a variante brasileira do vírus pode se espalhar e provocar uma nova pandemia no planeta.
O epidemiologista americano afirmou à CNN que tem participado de conversas nos Estados Unidos sobre formas de o país auxiliar o Brasil e cobrou união internacional para auxiliar o país na superação da crise. “É o surto de Covid mais grave já registrado no mundo, pelas dimensões do Brasil e pelo fato de ainda não ter chegado em um pico de mortes”, avaliou.
Feigl-Ding foi professor da Universidade de Harvard entre 2004 e 2020 e hoje é membro da Federação de Cientistas Americanos (FAS, em inglês), que se dedica a pesquisar soluções para evitar catástrofes internacionais.
A crise brasileira é um risco para a estabilidade global. O mundo não está entendendo ainda o quão grave é a variante P1, identificada primeiro em Manaus, e que já está em vários outros lugares do planeta. É mais transmissível que a variante britânica, de acordo com as pesquisas
Eric Feigl-Ding, ex-professor de Harvard e membro da Federação de Cientistas Americanos
O epidemiologista relatou que os Estados Unidos têm condição de enviar doses de vacinas para o Brasil, como a de Oxford. Mas isso demanda uma negociação que envolve a política externa dos dois países.
Na avaliação dele, os Estados Unidos ainda não enviaram doses porque querem ter segurança de que as outras vacinas contratadas pelo governo americano (Pfizer, Moderna e Janssen) darão conta de imunizar todos daquele país.
“Seria um acordo como o empréstimo de doses que foi feito há uma semana para México e Canadá. Mas lá na frente poderia ser perdoado o empréstimo e virar uma doação de fato, mas precisa de política”, alertou.
O cientista também destacou a necessidade de os estados buscarem ajuda internacional independente do governo federal, e que a política não pode paralisar os esforços por uma coordenação nacional.
Estou com medo, este é o fato. Alguém precisa assumir a liderança e mostrar que o Brasil está vigilante contra a variante P1, se não teremos uma pandemia global ainda pior