Ciência tem seu tempo e não respeita vontade de governantes, diz diretor da SBIm
Com as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus de volta ao protagonismo do noticiário brasileiro, em meio a troca de farpas públicas entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), paira dúvidas sobre quando o medicamento será aplicado na população.
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (19), o infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, fez um alerta de que não é possível cravar uma data para a aprovação da vacina e pregou cautela.
“Você precisa do tempo da ciência para prever eficácia do medicamento, isso pode durar meses. Existem expectativas, mas não são compromissos que podem ser assumidos para a população,” disse Kfouri.
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“Quando tivermos dados que mostrem a segurança das vacinas, podemos aprovar, registrar, produzir, distribuir e vacinar a população. Porém a ciência tem seu tempo e não respeita a vontade dos governantes.”
Vacinação obrigatória
Kfouri também falou sobre o tópico de vacinação obrigatória, defendido por Doria e questionado por Bolsonaro.
Ele lembrou que a vacinação é obrigatória em crianças de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e disse que ações coercitivas são mais prejudiciais do que benéficas para o processo de vacinação.
“Não chegaremos ao ponto de ter atitudes coercitivas com a população. A vacina será disponibilizada e será necessária comunicação clara dos benefícios do medicamento. A orientação é mais eficaz que a coerção.”
(Edição: Sinara Peixoto)