“Cepas seguirão, mas serão leves para vacinados”, diz cardiologista da Imperial College
Ricardo Petraco avalia que as mortes pela variante Ômicron são, em sua maioria, de pessoas que não se imunizaram
O crescimento no número de novos casos de Covid-19 na Europa vem chamando a atenção da população e da comunidade médica nos últimos dias. Na última segunda-feira (20), o total de novas contaminações na Itália subiu de 15.213 para 30.798 —essa é a primeira vez o número que chegou acima do patamar de 30 mil desde novembro do ano passado. Para especialistas, entretanto, a maior parte dos óbitos foi de pessoas que não se vacinaram.
Em entrevista à CNN, o cardiologista Ricardo Petraco, da Imperial College de Londres, afirmou que “cerca de 80% diagnosticados na Europa estão relacionados à nova variante [Ômicron], mas não que dizer que seja preocupante”. Ele considera que o mais importante não é o número de infectados, mas o total de mortes e hospitalizações.
De todo modo, Petraco diz que os dados preliminares sobre a Ômicron apontam que ela será menos agressiva do que o imaginado. “Existirão outras variantes, mas, em um contexto de pessoas vacinadas, o impacto deve ser menor”, acredita.
Para ele, os governos devem ser responsáveis e precisam colocar pressões sociais e legais para a população se imunizar.
Na opinião do especialista, o alto número de pessoas já vacinadas no Brasil é um indicador positivo. Mesmo assim, ele alerta que as medidas de proteção não devem ser relaxadas. “É preciso ter sensatez”, pondera. Ele explica que a transmissão ocorre mais facilmente em ambientes fechados.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, ao todo, mais de 75% da população brasileira já recebeu a primeira dose, e mais de 65,5% das pessoas estão com o esquema vacinal completo —ou seja, tomaram duas doses ou a vacina de dose única.
“Acredito que o governo europeu foi categórico quando liberou o direito da população ficar sem máscara em espaços abertos. Talvez isso possa ter ajudado na transmissão da Ômicron”, finaliza.
Casos na Europa
O Reino Unido reportou 90 mil novos casos de coronavírus na terça-feira (21), e o total de infectados nos sete dias até 21 de dezembro foi 63% maior do que no período da semana anterior.
A Ômicron já é a variante dominante na Dinamarca, disse o ministro da Saúde do país, Magnus Heunicke, na terça-feira, citando dados do Statens Serum Institut (SSI, na sigla em dinamarquês), parte do Ministério da Saúde local.
Em Paris, na França, a variante do Ômicron representa um terço dos novos casos detectados e 10% de todas as infecções no país, afirmou o porta-voz do governo Gabriel Attal a jornalistas.
*Com Reuters