Casos da recombinante XQ aconteceram em pessoas sem a terceira dose, diz Butantan
São Paulo identificou dois casos da recombinante da Ômicron na quinta-feira (5)
As duas amostras sequenciadas da sublinhagem XQ, uma recombinante das variantes BA.1.1 e BA.2 da Ômicron, identificadas em São Paulo na quinta-feira (5), pertencem a pacientes que não tomaram a terceira dose da vacina, segundo o Instituto Butantan.
Por meio do monitoramento feito pela Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, coordenada pelo instituto, o sequenciamento mostrou que se tratava da XQ, que surgiu na Inglaterra e na Holanda. Os casos foram confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com o Butantan, o casal relatou sintomas comuns da Covid-19 como febre, dores de cabeça, no corpo e na garganta durante o feriado de Páscoa. A coleta foi feita na região sudeste da cidade de São Paulo.
Os bioinformatas do Instituto Butantan Alex Ranieri e Gabriela Ribeiro disseram que as duas amostras de SP sugerem que a nova variante já está em circulação no Brasil.
“O casal não tem histórico de viagem e também não teve contato com pessoas que viajaram para estes países. A variante recombinante pode ter sido trazida por outras pessoas e, de fato, acabou se espalhando”, disse Ranieri em um comunicado.
Ribeiro explicou que as recombinantes eventualmente irão surgir, e esse não deve ser motivo para preocupação.
“As pessoas não precisam ficar apreensivas com essas recombinantes porque é um processo do vírus que acontece naturalmente. É importante continuar com as medidas de precaução como o uso de máscaras em lugares fechados, lavagem das mãos, uso de álcool gel”, aponta.
À CNN, o infectologista Robson Reis, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, disse que, por conta dos poucos casos notificados no mundo, ainda não é possível saber se a recombinante XQ terá maior ou menor transmissibilidade em relação às demais variantes do coronavírus ou até mesmo outras subvariantes da Ômicron.
Já o virologista Fernando Spilki, pesquisador da Universidade Feevale, do Rio Grande do Sul destacou que pode haver variação na taxa de transmissão da recombinante XQ, mas ressalta que “importante é ter em mente que todas essas variantes derivadas da Ômicron têm guardado o mesmo perfil de já ter uma alta transmissibilidade”.