Câncer de próstata: dieta à base de plantas pode melhorar saúde sexual
Estudo mostra que alimentação com maior proporção de vegetais pode reduzir efeitos colaterais do tratamento oncológico
O tratamento para câncer de próstata pode trazer, em alguns casos, efeitos colaterais indesejáveis, como disfunção erétil e incontinência urinária. Porém, um novo estudo sugere que essas reações adversas podem ser prevenidas ou reduzidas com a ajuda de uma alimentação à base de alimentos de origem vegetal, como legumes, frutas, folhas e grãos.
Publicada na revista científica Cancer na última terça-feira (13), a pesquisa analisou mais de 3.500 homens com câncer de próstata e os dividiu em cinco grupos, de acordo com a proporção de alimentos de origem animal e de origem vegetal que eles relatavam comer.
De acordo com os pesquisadores, o grupo que consumiu a maior proporção de planta teve uma pontuação 8% a 11% superior em medidas de função sexual, em comparação com o grupo que consumiu mais carne e menos vegetais. Além disso, a saúde urinária desse primeiro grupo também obteve uma pontuação 14% mais alta em comparação com o segundo grupo, com menos casos de irritação, obstrução ou incontinência urinária.
Os resultados também mostraram que quem consumiu mais plantas também teve pontuações 13% mais altas na saúde hormonal, com menos sintomas de depressão e baixa energia, em comparação com o grupo que consumiu mais carne.
“Nossas descobertas oferecem esperança para aqueles que procuram maneiras de melhorar sua qualidade de vida após serem submetidos a cirurgia, radioterapia e outros tratamentos comuns para câncer de próstata, que podem causar efeitos colaterais significativos”, disse Stacy Loeb, autora principal do estudo e urologista, em comunicado. “Adicionar mais frutas e vegetais à sua dieta, ao mesmo tempo que reduz a carne e os lacticínios, é um passo simples que os pacientes podem tomar”, acrescentou.
Como o estudo foi feito?
Para fazer a pesquisa, os investigadores analisaram dados do Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde, uma investigação em andamento iniciada em 1986 e patrocinada pela Harvard Chan School. O conjunto de dados é composto por informações sobre mais de 50 mil dentistas, farmacêuticos, optometristas, osteopatas, podólogos e veterinários do sexo masculino. O projeto foi desenvolvido para compreender como a nutrição influencia os riscos relacionados ao câncer, doenças cardíacas e outras doenças graves.
Como parte do projeto, homens com câncer de próstata responderam a um questionário a cada quatro anos sobre os tipos de alimentos que ingeriam e em quais proporções. Um outro questionário, respondido a cada dois anos, avaliou a frequência de incontinência, disfunção erétil e problemas intestinais, de energia e de humor, entre outros problemas de saúde.
De acordo com os autores do estudo, a maioria dos pacientes (mais de 83%) recebeu tratamento para câncer de próstata e todos os que foram incluídos no estudo atual apresentavam formais iniciais da doença que ainda não haviam se espalhado para outros órgãos.
Para os pesquisadores, o estudo mostra que a ingestão em grande quantidade de qualquer alimento vegetal está relacionada a melhores índices de saúde sexual, saúde urinária e vitalidade, independente de fatores como peso, atividade física, estilo de vida e outras doenças, como diabetes.
“Esses resultados se somam à longa lista de benefícios ambientais e de saúde de consumir mais plantas e menos produtos de origem animal”, disse Stacy. “Eles também desafiam claramente o equívoco histórico de que comer carne aumenta a função sexual nos homens, quando na verdade parece ser o oposto”.
O próximo passo, de acordo com a pesquisadora, é realizar mais estudos em um grupo mais diversificado de pacientes e para aqueles com estágio mais avançado do câncer de próstata.