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    Câncer de pênis: quais são os sintomas e como é o tratamento?

    Esse tipo de câncer é raro, mas quando diagnosticado em fase avançada pode levar à amputação parcial ou total do pênis

    Câncer de pênis pode levar à amputação parcial ou total do membro
    Câncer de pênis pode levar à amputação parcial ou total do membro Vlad Dmytrenko/Getty Images

    Gabriela Maraccinida CNN

    O câncer de pênis é um tipo raro de tumor. No Brasil, ele representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens, segundo o Ministério da Saúde, sendo mais comum em pacientes com 50 anos ou mais. Apesar da baixa incidência, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão do tumor e, consequentemente, a amputação do pênis.

    De acordo com dados do SIS/SUS (Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde) do Ministério da Saúde, foram realizadas mais de 6 mil amputações de pênis nos últimos 10 anos. Além disso, segundo o Atlas de Mortalidade do Inca (Instituto Nacional de Câncer), de 2011 a 2021, foram registradas 4.592 mortes por câncer de pênis.

    A seguir, entenda as principais causas, fatores de risco, sintomas e formas de tratamento para o câncer de pênis.

    Quais são as causas do câncer de pênis?

    De acordo com Augusto Cesar de Andrade Mota, oncologista clínico e membro do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), há vários fatores conhecidos para câncer de pênis. Uma delas é a fimose, estreitamento da pele que encobre a glande (cabeça do pênis). “[A fimose] dificulta a limpeza interna dessa pele e da glande e aumenta o risco de câncer de pênis em até 60%”, afirma.

    Além disso, doenças sexualmente transmissíveis, como HIV e HPV, também são fatores de risco para esse tipo de câncer. “Estima-se que entre 45% e 80% dos cânceres de pênis tenham relação com o HPV”, acrescenta o especialista.

    A má higienização do pênis exerce, ainda, um papel importante no risco de desenvolvimento de câncer de pênis, já que pode levar à proliferação de bactérias e infecções na região. Outros fatores de risco incluem:

    • Inflamações crônicas no pênis (balanite e líquen escleroso, por exemplo);
    • Tabagismo;
    • Baixas condições socioeconômicas e/ou de instrução.

    Principais sintomas e sinais de alerta do câncer de pênis

    Inicialmente, o câncer de pênis pode não causar sintomas. Com a evolução do tumor, podem surgir sintomas como:

    • Feridas na pele do pênis ou na glande;
    • Inchaço na glande;
    • Alterações na cor ou textura da pele do pênis;
    • Secreção branca.

    “As feridas comumente não causam dor na fase inicial, e esse é um dos motivos de atraso na busca por atenção médica. Usualmente, quando o paciente começa a sentir dor ou desconforto, a doença já está em fases mais avançadas e, portanto, com menores chances de cura”, explica Augusto.

    Ao notar o surgimento dessas feridas, é fundamental consultar um médico, principalmente se elas não cicatrizarem entre duas e três semanas. O principal especialista que pode diagnosticar e indicar o tratamento para câncer de pênis é o urologista. “É extremamente importante que não haja retardo nessa busca por ajuda profissional, pois alguns tumores têm um crescimento muito rápido, e um retardo pode aumentar as chances de o tumor espalhar pelo corpo”, alerta o oncologista.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico do câncer de pênis é feito através da biópsia da lesão suspeita. Nesse procedimento, um cirurgião ou urologista retira um pequeno fragmento da lesão e encaminha para o patologista, especialista que analisará a lesão no microscópio.

    A detecção precoce é fundamental para identificar o tumor em fase inicial e, assim, possibilitar uma maior chance de tratamento e cura.

    E o tratamento?

    De acordo com Maurício Dener Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), o tratamento para câncer de pênis pode ser feito com medicações tópicas, como pomadas, nos casos iniciais. “Já nos casos avançados, pode ser necessária cirurgia de ressecções superficiais ou cirurgias de penectomia (amputação do pênis) parcial ou total”, afirma.

    Além do procedimento cirúrgico, também podem ser necessários tratamentos complementares, como radioterapia, em tumores maiores, mas que ainda não se disseminaram para outras partes do corpo. “Quando o tumor já se disseminou para outras partes do corpo, o tratamento envolve, usualmente, a quimioterapia”, completa Augusto.

    Câncer de pênis tem cura?

    Sim, o câncer de pênis tem cura, mas depende do estágio da doença no momento do diagnóstico. “Em estágios avançados, a chance de cura é pequena. Por isso, a importância do diagnóstico precoce e de campanhas de alerta, como a ‘Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis’, da SBU”, ressalta Maurício.

    De acordo com Augusto, a chance de morte por esse tipo de câncer em 5 anos é de 20% nos casos da doença inicial, de 50%, na doença regional (quando se espalha para os gânglios linfáticos) e de 90% nos casos da doença metastática (quando já se espalhou para outras partes do corpo).

    Prevenção: higiene e vacinação são essenciais

    Uma das principais formas de prevenção do câncer de próstata é a higienização adequada do pênis. “É preciso puxar a pele que recobre a glande e lavar com água e sabão”, orienta Maurício. “Essa limpeza também deve ser feita sempre que tiver relações sexuais”, completa.

    Além da boa higiene, a vacinação contra o vírus HPV é fundamental. “Vale lembrar que a vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS à população entre 9 e 14 anos e também para imunossuprimidos de até 45 anos”, afirma o especialista. O uso de preservativos nas relações sexuais é outra medida importante.

    Somado a isso, o tratamento da fimose também é uma forma de prevenir o câncer de pênis, já que facilitará a higiene da região.