Câncer de pele também atinge couro cabeludo; saiba como prevenir
Para quem é calvo, careca ou possui cabelo rarefeito, a atenção a essa área deve ser redobrada
Verão e férias é a combinação perfeita para ir à praia ou à piscina. Mesmo muita gente fazendo o uso do filtro solar, alguns esquecem de proteger áreas como o couro cabeludo – que também é atingido pelos raios ultravioleta e pode ser afetado pelo câncer de pele.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a cada ano são registrados, no Brasil, cerca de 220 mil novos casos da doença, sendo esperados 704 mil novos diagnósticos até 2025.
Apesar de os cabelos oferecerem uma certa proteção ao couro cabeludo contra os raios solares, os dermatologistas recomendam o uso de bonés ou chapéus durante a exposição solar, além do uso de protetor.
“O uso de bonés e chapéus vai criar uma barreira física que ajuda nessa proteção, e é importante que eles sejam usados também quando a pessoa entra na água. Existem alguns modelos que têm o tecido com fator de proteção, mas não necessariamente precisa ser desse estilo. O próprio tecido do acessório já vai ajudar a barrar os raios”, explica a dermatologista Priscilla Pereira.
Já para quem é calvo, careca ou possui cabelo rarefeito, a atenção a essa área deve ser redobrada. Os especialistas alertam que a área do couro cabeludo possui uma pele mais delicada, o que pode aumentar a chance de queimaduras devido à exposição ao sol e também as chances do desenvolvimento do câncer de pele.
Por isso, a recomendação é que essas pessoas usem e abusem do protetor solar nessa área do corpo, dando preferência aos produtos mais fluídos, que são mais fáceis de espalhar.
É indicado ainda que o fator de proteção do produto seja de no mínimo de 50% e que ele seja aplicado 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicado a cada duas horas.
Além disso, nunca se deve usar o produto vencido, pois prejudica a eficácia da proteção. Também não se deve usar protetor térmico para o cabelo para proteger o couro cabeludo.
“Muitas vezes as pessoas associam os protetores térmicos de fios ao protetor solar, mas esses produtos não devem ser usados com essa finalidade porque ele não vai proteger de forma adequada a pele do couro cabeludo”, acrescenta Priscilla.
Pintas, manchas e feridas
O câncer de pele pode aparecer de duas formas: melanoma (que pode atingir camadas mais profundas da pele) e não-melanoma (mais superficial), sendo esse último o mais comum de ser registrado.
As principais causas desse tipo de câncer são a exposição excessiva ao sol de forma recorrente sem proteção adequada e também fator genético – se há histórico familiar. Pessoas com pele e cabelos claros têm mais chances de ter a doença.
Segundo a dermatologista Juliana Toma, a doença pode começar com uma pequena mancha ou ferida no couro cabeludo que vai aumentando de tamanho e sofrendo alterações em sua cor e tamanho, com o passar do tempo.
Essas mudanças podem ser identificadas a partir da regra conhecida como “ABCDE” – Assimetria, Bordas irregulares, Cor, Diâmetro e Evolução.
- Assimetria: quando uma parte da lesão é diferente da outra
- Bordas: se a pinta ou mancha apresenta bordas irregulares
- Cor: quando a lesão possui cores diferentes (vermelho, marrom e preto)
- Diâmetro: caso a lesão tenha diâmetro maior do que 6 mm
- Evolução: mudanças de tamanho, forma e cor ao longo do tempo
“Os sinais de câncer de pele no couro cabeludo são muito parecidos com os sinais de câncer de pele no próprio corpo. Então, alguma ferida ou machucado que não cicatriza, alguma “casquinha” que fica e não vai embora ou uma pinta que cresce, que sangra e dói; essas são lesões, não só no couro cabeludo, mas na pele, que chamam atenção para uma lesão mais perigosa, ou uma lesão que precisa ser analisada”, detalha Juliana.
Nem sempre a detecção do câncer de pele no couro cabeludo é fácil de ser feita, já que é uma região que não costumamos reparar nos detalhes – principalmente quem possui grande quantidade de cabelos.
Apesar de poder ser feita individualmente, a dica é pedir ajuda para outra pessoa para analisar a área caso haja alguma ferida ou machucado que esteja incomodando.
“Na maioria das vezes, os pacientes nem sabem que têm lesão no couro cabeludo. Então, é o cabeleireiro que vai alertar as pessoas em relação a essas lesões. É importante ressaltar a necessidade do acompanhamento rotineiro de um dermatologista, pelo menos uma vez no ano, deve-se consultar com o profissional que tem o hábito de examinar o paciente por inteiro, inclusive avaliar lesões no couro cabeludo, que passam às vezes desapercebidas”, acrescenta Priscilla.