Câncer de Covas tem 5% de taxa de sobrevida e mata mais homens que mulheres
O câncer de esôfago, diagnóstico do prefeito licenciado de São Paulo, tirou a vida de 8.716 brasileiros em 2019
O câncer de esôfago, diagnóstico do prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), tirou a vida de 8.716 brasileiros em 2019, de acordo com dados do Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A maior parte das vítimas da doença foi de homens, 78%.
O local específico do câncer inicial, a cárdia, é considerado muito delicado por oncologistas, porque é a conexão entre o estômago e o esôfago, fazendo com que qualquer procedimento ganhe maior complexidade.
A cirurgia se torna mais difícil que em outros órgãos, e tratamentos de radioterapia ou quimioterapia são mais complexos, porque as características do estômago e esôfago são diferentes.
Quando os médicos diagnosticaram Covas, em 2019, já sabiam das dificuldades que teriam pela frente, mas mantiveram o otimismo, carregado pela coragem do prefeito. Na prática, o tratamento começou muito bem e logo em dezembro, depois das primeiras sessões de quimioterapia, Covas já tinha conseguido reduzir marcadores do câncer em 90%.
Acontece que o diagnóstico do tumor já veio em estágio avançado, pois as células cancerígenas já tinham atingido o fígado e o sistema linfático. Metástase é o nome técnico que se dá para quadros como esse.
A situação diminui drasticamente o prognóstico, que é como os médicos chamam o futuro do tratamento. Uma análise do Instituto Nacional de Câncer Americano publicado na American Cancer Society aponta que 47% dos pacientes que têm câncer de esôfago localizado se mantêm vivos após cinco anos de diagnóstico e tratamento. Já nos casos em que o tumor se espalha pelo corpo, a taxa despenca para 5%.
Foi justamente o que aconteceu com Covas. Na prática, as estatísticas mostram que apenas cinco a cada 100 pessoas como ele sobrevivem por mais de cinco anos. As estatísticas não levam em consideração idade, condições físicas, saúde prévia e acesso a um bom atendimento hospitalar.
Era exatamente nessa combinação de fatores que a equipe de médicos montada para atender Bruno Covas se ancorava. Com David Uip e Roberto Kalil, ele tinha acesso ao hospital Sírio Libanês, referência no país para tratamentos oncológicos, além de boa condição física, mental e outros indicadores favoráveis, como a idade e o fato de não ser fumante.
Mas os próprios médicos reconhecem que o câncer não é “uma ciência exata” e cada paciente reage de uma forma diferente à doença.
Covas morreu no domingo (16) aos 41 anos.