Calendário está mantido mesmo se houver vacinas vencidas, diz secretário de SP
Segundo secretário, os dados sugerem problemas no registro de vacinas, aplicação de doses com prazo de validade vencido
Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (2), o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que ainda que possa ter havido aplicação de vacinas fora do prazo de validade, como indicou reportagem da “Folha de S. Paulo”, o calendário de vacinação em São Paulo não será alterado.
Segundo dados levantados pelo jornal em registros oficiais do Ministério da Saúde, cerca de 26 mil doses da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 já fora do prazo de validade teriam sido aplicadas em todo o país. No caso de São Paulo, a Secretaria de Saúde encontrou registros de 4.772 doses supostamente vencidas, aplicadas em 315 das 645 cidades do estado.
“De forma alguma haverá algum impacto no nosso processo de vacinação. O gerenciamento está sendo feito de forma célere”, disse Gorinchteyn, para quem até a semana que vem a situação será esclarecida em São Paulo.
De acordo com o calendário de vacinação do estado, todos os moradores de São Paulo com mais de 18 anos poderão receber ao menos uma dose de vacinas contra a Covid-19 até o dia 15 de setembro.
Gorinchteyn afirma que a análise preliminar dos dados sugere problemas nos registros de pessoas vacinas, que são de responsabilidade dos municípios, e não que vacinas vencidas tenham sido aplicadas na população.
“Temos percebido que alguns municípios atrasam esse reporto de dados e, quando vão fazer, fazem 15, 20, 30 dias depois daqueles pacientes terem recebido a vacina”, explicou. “De toda forma, temos um comitê técnico que está checando caso a caso para que nós possamos, claro, levar essa informação a essa população”, pontuou.
O secretário da Saúde disse que se houver comprovação de que foram aplicadas doses fora do prazo de validade, quem recebeu essas vacinas precisará esperar pelo menos 28 dias desde a aplicação para então receber uma nova dose, a fim de garantir a plena eficácia dos imunizantes.
Mesmo nesses casos, ressaltou Gorinchteyn, é possível que os pacientes tenham sentido efeitos colaterais das vacinas, como febre ou dores no corpo. Ainda assim, segundo ele, essas pessoas não correm risco de sofrer efeitos mais severos. “Normalmente esses produtos ainda se mantém em validade, [as pessoas ] têm as mesmas reações individuais que teriam se estivessem recebendo vacina dentro do prazo de validade”, assegurou.
Liberação de eventos
Questionado sobre quando o estado de São Paulo poderá voltar a receber eventos que geram aglomeração de pessoas, o secretário evitou se comprometer com uma data, mas disse que o estado vai começar a conduzir estudos em reuniões menores, como convenções empresariais e congressos científicos, para avaliar a segurança de eventos do tipo.
Gorinchteyn disse, contudo, que a “vida normal virá daqui muito tempo”, sem especificar um período, e disse que os paulistas precisarão manter os hábitos de distanciamento e uso de máscaras por mais tempo. O risco de não seguir as regras, afirmou, é que novas ondas de contaminação podem acontecer se a população “relaxar” nas restrições, como visto em outros países com processo de vacinação mais adiantados que do Brasil.