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    Brasil pode ter 50% de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso em 2035

    Projeção é do Atlas Mundial da Obesidade 2024 e indica que a obesidade infantil poderá atingir 20 milhões daqui 11 anos

    A obesidade infantil poderá atingir 50% das crianças e adolescentes no Brasil, segundo Atlas Mundial da Obesidade
    A obesidade infantil poderá atingir 50% das crianças e adolescentes no Brasil, segundo Atlas Mundial da Obesidade ljubaphoto/GettyImages

    Gabriela Maraccinida CNN

    O Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035, aponta Atlas Mundial da Obesidade 2024, lançado nesta sexta-feira (1º) pela Federação Mundial de Obesidade. O documento traz dados atuais sobre a doença no mundo e as projeções para os próximos anos.

    De acordo com o documento, a taxa anual de crescimento da obesidade em crianças e adolescentes brasileiros entre 2020 e 2035 será de 1,8%. Segundo os dados, a prevalência de crianças e adolescentes com IMC (Índice de Massa Corporal) elevado era de 34% em 2020, com mais de 15 milhões de afetados. Em 2035, a projeção é de que essa taxa chegue a 50%, com mais de 20 milhões de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso.

    Em relação aos adultos, o Atlas sugere que haverá um aumento anual de 1,9% nos números de adultos brasileiros com obesidade e sobrepeso entre 2020 e 2035. Além disso, o documento mostra que, em 2019, ocorreram 177.929 mortes em decorrência de doenças não transmissíveis atribuídas à obesidade, como diabetes, doença arterial coronariana, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e câncer. Dessas, 33.811 óbitos decorreram de diabetes.

    Dados apontam para obesidade crescente em países pobres

    Além dos dados sobre o Brasil, o documento também traz as estimativas globais para a obesidade. De acordo com as informações, quase 3,3 bilhões de adultos serão afetados pela obesidade em 2035, representando 54% da população mundial.

    Em 2020, o número estimado de pessoas adultas obesas no mundo era de 2,2 bilhões. Esse é um valor maior do que os dados anunciados na quinta-feira (29) em estudo publicado no The Lancet em colaboração com a OMS (Organização Mundial da Saúde), que mostrou que há 1 bilhão de pessoas convivendo com a obesidade no mundo.

    Ambos os documentos, porém, mostram que os países mais pobres são os mais afetados pela doença. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade, as nações com a maior proporção de adultos vivendo com obesidade e sobrepeso são Tonga e Samoa. O estudo publicado no The Lancet indica os mesmos países como os líderes em obesidade.

    “As maiores incidências dessas doenças no mundo estão saindo dos Estados Unidos e indo para outras regiões, muito por conta da exportação de comidas de baixo valor nutritivo, mas com grande apelo calórico”, comenta Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que não esteve envolvido nos estudos, à CNN.

    Diante desse cenário, na visão do especialista, a prevenção da obesidade deve ser a principal estratégia adotada a nível global, além de aumentar o acesso a tratamentos, como medicamentos antiobesidade e cirurgia.

    “A prevenção é feita comendo melhor, dormindo melhor, ficando longe das telas e tendo menos estresse. Em resumo, é preciso fazer uma higiene da vida. Essa é a mensagem que precisa ser passada e espero que, em 20 anos, esses números sobre a obesidade comecem a cair”, finaliza.

    Os dados do estudo publicado no The Lancet também mostraram que a obesidade mais do que dobrou entre adultos e quadruplicou entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos, no período entre 1990 e 2022. Segundo a análise, 159 milhões de crianças e adolescentes e 879 milhões de adultos viviam com obesidade em 2022. Em 1990, o número de meninos e meninas obesos era de 31 milhões, enquanto o de adultos era de 195 milhões.