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    Brasil completa seis meses da confirmação do 1º caso do novo coronavírus

    Em 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou a confirmação do primeiro caso positivo em solo brasileiro, de um homem em SP que retornava da Itália

    André Rosa e Jéssica Otoboni, , da CNN, em São Paulo

    O Brasil completa, nesta quarta-feira (26), seis meses do primeiro registro de caso do novo coronavírus, que causa a Covid-19, no país.

    Em 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou a confirmação do primeiro caso positivo em solo brasileiro, e também em toda a América Latina. 

    Um homem de 61 anos que mora em São Paulo tinha retornado de uma viagem à Itália, país que no início de abril era um dos mais afetados pela doença. Posteriormente, governantes comentaram sobre indícios da presença da Covid-19 no país já antes disso.

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    O homem estava assintomático e foi deixado em quarentena domiciliar. À época, outras 30 pessoas que tiveram contato com ele ficaram em observação, segundo o ministério.

    Hoje, o mundo tem cerca de 24 milhões de casos confirmados do novo coronavírus, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins. 

    Nessa segunda-feira (25), no último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde antes da data em que o primeiro caso completou seis meses, o Brasil totalizou 3.669.995 casos confirmados e 116.580 mortes.

    Com esses números, o país é hoje o segundo mais afetado pela Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que somaram no mesmo dia 5.769.024 de infectados e 178.129 mortos pela doença.

    Os estragos da pandemia

    Inicialmente considerada uma doença pulmonar, a Covid-19 se revelou uma doença sistêmica, que ataca diversos órgãos e funções do corpo. A necessidade de combater a inflamação generalizada, a atenção especial aos eventos circulatórios e a garantia da boa oxigenação do paciente são algumas das práticas que já se tornaram normais no atendimento à Covid-19. 

    Muitos apontam a falta de testagem como uma das causas para a grande incidência da doença no Brasil. Do início da pandemia no país até julho, cerca de 13,3 milhões de pessoas, o equivalente a somente 6,3% da população brasileira, tinham feito algum teste para diagnosticar a doença.

    Para Moacyr Duarte, infectologista do Hospital Albert Einstein, um dos problemas para o aumento de casos no país foi a falta de diagnósticos. “Acho que o grande erro foi esse, não fazer o diagnóstico precoce.” 

    Segundo ele, essa medida “iria diminuir a disseminação da doença e fazer com que a população procurasse mais precocemente o Sistema Único de Saúde (SUS)”, evitando que as pessoas chegassem em estado tão grave nas instituições. 

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    Profissional aplica teste do tipo RT-PCR para detecção do novo coronavírus
    Profissional aplica teste do tipo RT-PCR para detecção do novo coronavírus
    Foto: Callaghan O’Hare – 23.jun.2020 / Reuters

    A pandemia teve um efeito devastador sobre o sistema de saúde do país, afetando também a produção industrial, o comércio e deixando milhares de brasileiros desempregados, o que ressaltou as desigualdades econômicas, raciais e regionais.

    Cronologia de casos confirmados no Brasil mês a mês

    26/02 – 1º caso

    26/03 – 2.915 casos 

    26/04 – 61.888 casos

    26/05 – 391.222 casos

    26/06 – 1.274.974 casos 

    26/07 – 2.419.091 casos 

    25/08 – 3.669.995 casos (até o último balanço disponibilizado pelo Ministério da Saúde)

    Reinfecções

    Enquanto o país e o mundo ainda buscam respostas para os diversos questionamentos sobre a doença, nesta semana mais uma informação surgiu. Após a descoberta de um caso de reinfecção em Hong Kong, o Brasil investiga 23 pessoas por supostamente terem testado positivo para a Covid-19 duas vezes.

    Mas será que isso pode mesmo acontecer? Para pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, é um “evento raro”, mas “possível”. Especialistas também consideram a possibilidade de uma infecção por outro vírus, como o da gripe, que promova sintomas semelhantes aos do novo coronavírus. 

    Uma segunda possibilidade é o vírus ter “adormecido” por meses. É como se ele continuasse no corpo, mas não manifestasse sintomas num intervalo de tempo entre a primeira e a segunda vez.

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    E também há a hipótese de que o vírus fique “esquecido” pelo organismo por semanas, como se não o percebesse mais ali. E quando o corpo “descobre” o vírus esquecido e decide reagir, os sintomas voltam nessa batalha para eliminar de vez a doença.

    Vacinas no Brasil

    Mesmo com tantas pesquisas em desenvolvimento em todo o mundo para chegar a uma vacina efetiva, especialistas afirmam que é essencial que o Brasil tenha sua própria imunização, já que uma vacina brasileira permitiria uma distribuição mais ampla, rápida e barata da imunização.

    Neste momento, o Brasil estuda quatro vacinas contra o novo coronavírus. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o ensaio clínico das vacinas desenvolvidas pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, pela empresa Sinovac Research & Development Co. Ltd. em parceria com o Instituto Butantan (conhecida também como Coronavac), pela BioNTech e Wyeth/Pfizer, e pela Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson.

    Os testes são conduzidos em voluntários que trabalham na linha de frente do combate ao vírus. Os ensaios clínicos em seres humanos avaliam a segurança e eficácia do medicamento e são divididos em três fases.

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    Na fase 1, participam pequenos grupos de indivíduos. Na fase 2, há a inclusão de mais pessoas e a substância é administrada em indivíduos representativos da população-alvo a ser imunizada. Já na fase 3, a vacina é oferecida a uma grande quantidade de pessoas para avaliar a capacidade de proteção do produto.

    As vacinas em estudo no Brasil estão na fase 3 de ensaios clínicos ou vão iniciá-los em setembro.

    Para Cristiana Toscano, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e integrante do Grupo de Trabalho de Vacinas para Covid-19 da Organização Mundial de Saúde (OMS), o avanço e a velocidade atuais no trabalho de desenvolvimento de uma vacina é “sem precedentes”.

    “Hoje há mais de 200 grupos estudando as vacinas candidatas”, afirmou ela. “É resultado de uma coalizão internacional, um financiamento internacional intenso e uma articulação desses grupos de pesquisa com um objetivo comum.”

    Toscano ressaltou, entretanto, que a fase 3 não pode ser encurtada. “É muito promissor o avanço, mas temos que esperar mais um pouco” para ter uma vacina que se mostre eficaz, explicou. “A vacina não pode ser registrada e usada antes do fim da fase 3”, disse ela, destacando que um cronograma realista prevê a substância pronta para a população em março de 2021.

    Medicamentos

    Durante esses seis meses, surgiram diversas teorias e estudos preliminares sobre medicamentos que poderiam ser utilizados para o tratamento da Covid-19, como hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, dexametasona, entre outros. A hidroxicloroquina, por exemplo, é repetidamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

    A comunidade médica, no entanto, ressalta que nenhum deles tem comprovação científica de eficácia.

    Segundo Ana Paula Hermann, professora do departamento de farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “a cloroquina é um fármaco usado há muito tempo no tratamento da malária, uma doença causada por protozoários e transmitida por mosquitos. Já a hidroxicloroquina é um derivado da cloroquina com as mesmas propriedades farmacológicas, mas menos efeitos tóxicos”.

    Estudos iniciais ganharam destaque por apontarem que grupos de pacientes com a Covid-19 submetidos a tratamento com substância em conjunto com outros medicamentos tiveram redução na carga viral. Contudo, especialistas ressaltam que o medicamento pode causar arritmias cardíacas fatais.

    (Com Estadão Conteúdo)

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