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    Brasil, Colômbia e Venezuela acumulam 77% dos casos de malária nas Américas

    No Brasil, 99% dos casos estão concentrados nos nove estados da “região amazônica”, que abrangem parte do bioma da floresta amazônica

    Elis BarretoLucas Janoneda CNN

    no Rio de Janeiro

    O relatório sobre a malária de 2021 da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado nesta segunda-feira (06), aponta Brasil, Colômbia e Venezuela como responsáveis por 77% dos casos de malária nas Américas em 2020.

    Segundo o documento, 18 países do continente, considerados endêmicos para a doença, foram responsáveis por aproximadamente 0,3% de todos os casos no mundo.

    Os sintomas da doença são calafrios, febre e sudorese durante as primeiras semanas após a contaminação. A doença pode levar à morte, se não houver tratamento adequado.

    Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, a transmissão da malária é predominante na região amazônica, que abrange 99% dos casos no país. O país registrou 140.974 casos no ano passado, uma redução de 10,5% em relação a 2019, e de 27,5% em relação a 2018.

    No ano passado, considerando as regiões fora da Amazonia, mais de 90% dos casos notificados foram importados de áreas endêmicas ou de outros países endêmicos, como os do continente africano.

    Também no ano passado, os casos foram mais recorrentes em pessoas do sexo masculino (60,7%), de cor parda (55,9%), escolaridade de até ensino fundamental incompleto (43,3%) e na faixa etária de 21 a 30 anos e 31 a 40 anos (18,7% e 14,8%).

    Entre 2000 e 2020, segundo a OMS, o continente americano reduziu significativamente os casos de malária. O total de casos da doença caíram cerca de 58%, de 1,5 milhão, para cerca de 650 mil casos.

    Outro número que registrou queda foi a mortalidade na população em área de risco de transmissão, passando de 0,8 para 0,3 para cada 100 mil habitantes.

    Ainda segundo a organização, nos últimos anos, o crescimento de casos na região tem sido fortemente impactado pela epidemia de malária na Venezuela.

    Em 2000, o país registrou 35,5 mil casos da doença, já em 2019, a Venezuela teve mais de 467 mil casos de infecção pelo protozoário. Entretanto, em 2020, os casos na Venezuela caíram mais de 50%, para 232 mil infecções pela doença.

    De acordo com a OMS, os países da África acumularam, em 2020, 95% de todos os casos do mundo, com 228 milhões de infectados, e 96% das mortes, com 602 mil óbitos pela doença.

    Segundo o relatório, 80% das mortes no continente foram em crianças com menos de cinco anos. O crescimento no número de casos e óbitos no mundo, para a OMS, está diretamente ligado à pandemia do novo Coronavírus.

    A Organização estima ainda que dois terços das mortes pela doença, em todo o mundo, ocorreram devido a interrupções na prevenção, diagnóstico e tratamento durante a pandemia.

    “A malária, que é transmitida por um mosquito, é uma doença que não tem vacina, então o diagnóstico e tratamento rápido ainda são as principais maneiras do controle da doença. O medo causado pela pandemia de Covid-19 dificultou o tratamento da doença nos últimos dois anos em todo o mundo, o que causou esse maior temor”, explicou Ricardo Luiz Machado, professor em Parasitologia Humana pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

    “Podemos ir além e dizer que foram constatados casos de coinfecção entre Covid e malária, que também leva a respostas pró-inflamatórias excessivas e pode resultar em manifestações mais graves e prognóstico desfavorável”, concluiu.