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    Boletim da Fiocruz indica melhora em índices da pandemia

    Pesquisadores reforçam necessidade de manter cuidados, já que grandes áreas dentro de todos os estados brasileiros apresentam nível de contaminação alto

    Iuri Corsini, da CNN, no Rio de Janeiro

     

    Todos os 26 estados brasileiros – além do Distrito Federal – apresentam pelo menos uma macrorregião de saúde (cidades que compartilham a mesma infraestrutura do SUS) com transmissão comunitária em nível alto ou extremamente alto.

    Essa situação permanece apesar da tendência de queda em relação aos casos notificados, nas últimas seis semanas, de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – que é o principal indicativo de Covid-19.  Este é o panorama mostrado pelo mais recente boletim InfoGripe feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

    No entanto, houve uma redução no número de locais em situação gravíssima de contaminação. Agora, são 13 estados com alguma macrorregião com transmissão comunitária em nível extremamente alto. No último estudo feito, eram 17 estados neste patamar.

    A transmissão comunitária ocorre quando já não é mais possível rastrear a origem da infecção. Isso é um indicador de que o vírus circula entre as pessoas, mesmo que elas não tenham viajado para o exterior ou outros locais.

    O boletim também confirma a manutenção do quadro de predomínio de queda ou estabilização de novos casos e internações. No entanto, segundo o pesquisador da Fiocruz, Marcelo Gomes, ainda há necessidade de manter os cuidados individuais e coletivos, pois mesmo com essa redução ainda temos a imensa maioria do território em situação muito preocupante.

    Apesar da tendência de queda no longo prazo em relação a novos casos de Covid-19, os estados do Amazonas e Amapá apresentaram, entre os dias 4 e 10 de julho, sinais de crescimento. Em relação às capitais, foi observado que apenas quatro delas apresentam indícios de crescimento: Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), e Vitória (ES). Já em 15 capitais se observa sinal de queda de casos e hospitalizações.

    Em outras sete capitais há indicativos de estabilização. São elas: o plano piloto de Brasília e arredores (DF), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), e Teresina (PI). Segundo a Fiocruz, isso aponta para a “interrupção da tendência de queda ou manutenção de platô”

    “Embora os sinais de tendência sejam positivos, indicando poucos estados atualmente com sinal de crescimento nas tendências de longo ou curto prazo, os valores semanais continuam elevados, como apresentado pelo indicador de transmissão comunitária”, informa o boletim.

    Flexibilização x novas variantes

    O Estudo conclui ainda que se “mantém a recomendação da cautela em relação às medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento para redução da transmissão da COVID-19 enquanto a tendência de queda não tiver sido mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos”.

    Os pesquisadores apontaram para a necessidade de “reavaliação das flexibilizações já implementadas nos estados com sinal de retomada do crescimento ou estabilização ainda em patamares elevados”. A principal preocupação é que, com o aumento contínuo da circulação de pessoas no país, novas variantes continuem surgindo e a tendência de melhora observada seja interrompida.

    Ao ser questionado sobre as novas variantes no Brasil, o pesquisador Marcelo Gomes disse que a extrema incidência da variante Gamma (P.1) no país pode criar uma “barreira ecológica” e dificultar a invasão pela variante Delta e outras linhagens.

    Contudo, isso ainda é uma hipótese. “É uma das possíveis explicações para termos observado bloqueio de invasão de certas variantes em países com situações epidemiológicas distintas ao longo da pandemia”, informou o pesquisador.

    Marcelo voltou a ressaltar, no entanto, que é preciso ter extrema cautela, já que o “relaxamento generalizado que estamos observando atua na direção de facilitar a invasão (de novas variantes)”. O pesquisador vê como fundamental continuar com o distanciamento social e as medidas de mitigação da pandemia no Brasil.

    Movimentação em rua comercial do Rio de Janeiro durante pandemia da Covid-19
    Movimentação em rua comercial do Rio de Janeiro durante pandemia da Covid-19
    Foto: Ricardo Moraes/Reuters (16.set.2020)

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