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    Autópsias indicam que Covid-19 também causa morte por insuficiência cardíaca

    A avaliação é do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP)

    Gabriel Passeri, da CNN em São Paulo

    O estudo de autópsias realizadas em pacientes acometidos pela Covid-19 indicou que alguns deles morreram, principalmente, em razão de alterações cardiovasculares causadas pelo coronavírus, e não pela insuficiência pulmonar. A avaliação é do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), que analisou cerca de 70 autópsias nos últimos quatro meses. O próximo objetivo dos pesquisadores é identificar o mecanismo de ação do Sars-CoV-2.

    “Já sabemos como o vírus se distribui por órgãos como o cérebro e os rins, além das glândulas salivares e gônadas, por exemplo, e que ele chega ao sistema nervoso central por meio do nervo olfatório. Queremos saber, agora, como o vírus causa trombos na micro e macrocirculação de forma muito mais exuberante que a do vírus da influenza, por exemplo”, disse Paulo Saldiva, um dos coordenadores do projeto, durante uma reunião virtual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

    De acordo com Saldiva, entre o grupo de pacientes autopsiados que apresentaram alterações cardiovasculares, havia tanto adultos quanto crianças, com idade de 8 e 11 anos.

    “Eles tinham pulmões razoavelmente preservados, mas desenvolveram uma insuficiência cardíaca muito intensa que levou ao óbito”, diz o especialista.

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    A presença do vírus foi identificada em diferentes partes do corpo dos pacientes. Em alguns, o vírus estava no músculo cardíaco, enquanto em outros, foi observada trombose nas microcirculações pulmonar e cardíaca.

    “Queremos entender as causas dessa situação para poder ajudar e intervir mais rapidamente no tratamento desses pacientes. Esse é um dos propósitos do projeto”, afirmou Saldiva.

    O pesquisador também aponta que a análise dos casos indica que o risco de morte por Covid-19 é maior em regiões com indicadores econômicos inferiores.

    “O risco de adoecer por Covid-19 no Brasil não é tão caracteristicamente segregado nas regiões de menor nível socioeconômico, mas a mortalidade sim, e há dois fatores responsáveis por isso: habitação e, principalmente, utilização de transporte coletivo, para o deslocamento para trabalhar”, pontuou.

    Saldiva ainda prevê os desafios a serem enfrentados no contexto da pandemia.

    “Ter vacina para combater essas doenças é desejável, mas insuficiente. Será preciso ter sistemas efetivos de testagem e identificação de vírus em todos os países”, avalia. “Além disso, será preciso aumentar a cooperação internacional, o financiamento e a realização de estudos na área da saúde não só por pesquisadores das Ciências da Vida, mas também de Humanidades”, destacou o pesquisador.

    (Com informações da Agência Fapesp)

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