Asperger pode promover inteligência acima da média, mas dificulta convívio social
Quadro foi incluído neste ano no transtorno do espectro autista pela Classificação Internacional de Doenças
Na edição desta segunda-feira (21) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes abordou a inclusão da síndrome de Asperger para o grupo de transtornos do espectro autista (TEA) pela Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para Fernando Gomes, é importante relembrar que o autismo, identificado como um “transtorno”, pode possuir diversos diagnósticos – todos com algum ponto em comum, com estratégias de orientação e condução semelhantes para os casos. Entre as características está o transtorno do neurodesenvolvimento, quando o cérebro não nasce “pronto” para questões comportamentais e de inteligência.
No caso de Asperger, são poucas as diferenças em relação ao autismo, contrastando principalmente por uma maior funcionalidade. A dificuldade de interação social – que não representa impossibilidade –, os comportamentos repetitivos e boa memória mecânica figuram entre os pontos mais notáveis.
“É muito importante entender isso e, principalmente, diagnosticar. Isso faz com que todas as pessoas que estejam em volta possam acolher essa pessoa de uma forma diferenciada para termos menos sofrimento e mais inclusão“, disse.
Respondendo ao comentário de uma espectadora que relatou ter um filho com nível 1 de autismo – o jovem de 17 anos possui inteligência acima da média, mas dificuldade de interação – Gomes explicou que o quadro pode ser considerado comum para pessoas com TEA.
“Muitas vezes, existe a questão da alta funcionalidade. Então em algum aspecto da manifestação da inteligência, esse indivíduo vai acima da média.”
“Quando você faz uma avaliação neuropsicológica, essa pessoa pode até ter um QI acima da média. Mas é a questão da interação social que chama atenção e se torna um grande desafio, porque muito mais do que resolver problemas, que é a definição de inteligência, queremos que a pessoa possa se relacionar com outras e ter uma vida mais plena”, afirmou.
Para o neurocirurgião, o acesso à informação é primordial para se livrar dos preconceitos envolvendo o Asperger. “Não é o reforço negativo que ajuda. Pelo contrário, é o reforço positivo, fortalecendo o que já tem de destaque na pessoa, mas principalmente enriquecendo ela do ponto de vista do convívio social”, finalizou.