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    Após recomendar ‘tratamento precoce’, Pazuello nega indicar remédio para Covid

    Ministério tem protocolos desde maio de 2020 indicando hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia comprovada

    Anna Satie, da CNN em São Paulo



     

    O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negou nesta segunda-feira (18) que a pasta recomende qualquer remédio para a Covid-19 —há meses, a orientação do ministério é de “tratamento precoce“. 

    “Os senhores sabem o quanto temos divulgado, desde junho, o atendimento precoce. Não confundam atendimento com definição de qual remédio tomar”, disse. “Atendimento é uma coisa, tratamento é outra. Como leigos, às vezes falamos o nome errado, mas temos que saber a diferença”.

    “Defendemos e incentivamos e orientamos que a pessoa doente procure imediatamente o posto de saúde, o médico, e que o médico faça o diagnóstico clínico do paciente. Que remédios o médico vai prescrever, isso é foro íntimo do médico com seu paciente”, disse Pazuello.

    No sábado (16), o Twitter rotulou como enganosa uma publicação do ministério que recomendava o tratamento precoce.

    Um aplicativo lançado pela pasta em Manaus na semana passada, o TrateCOV, direcionado a profissionais de saúde, estimula a prescrição de hudroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina dependendo dos sintomas apresentados pelo paciente.

    Não há nenhum remédio com eficácia comprovada na prevenção da Covid-19 até o momento.

    Pazuello também negou que o ministério tenha protocolos de remédios contra Covid-19, dizendo que essa não é uma “missão do ministério”. Desde maio de 2020, a pasta tem orientações que recomendam o uso de cloroquina e azitromicina em casos leves da doença.

     

    Recomendação permite uso do medicamento em casos leve do novo coronavírus
    Novo protocolo do Ministério da Saúde permite uso de cloroquina em casos leve de Covid-19
    Foto: Reprodução/ Ministério da Saúde

    Um protocolo atualizado de agosto de 2020 mantém a orientação e está disponível no site da pasta. 

    Em resposta a um questionamento, Pazuello negou ter recomendado qualquer medicação. “A senhora nunca me viu receitar ou dizer, colocar para as pessoas tomarem esse ou aquele remédio. Nunca. Não aceito a sua posição”, disse.

    “Eu nunca indiquei medicamentos a ninguém. Nunca autorizei o Ministério da Saúde a fazer protocolos indicando medicamentos”, continuou.

    Pouco antes, ele disse que “vários remédios deram algum tipo de resultado” e que “os médicos sabem o que deve ser prescrito para cada paciente”.  

    Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o Ministério da Saúde teria pressionado Manaus, em ofício, a adotar a cloroquina, em um suposto tratamento precoce contra a Covid-19. O secretário de Saúde do Amazonas negou essa informação

    Assinado pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro, o documento considera “inadmissível” a não adoção das “medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde”, que, ressalta, têm “comprovação científica”.

    O Ministério da Saúde confirmou a autenticidade do ofício, mas negou que o documento tenha o objetivo de pressionar os médicos e que seria apenas uma recomendação “para a adoção de tratamentos precoces com antivirais sobre os quais já existem estudos publicados internacionalmente”.

    O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello
    O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello
    Foto: Reprodução (18.jan.2021)

    (*Com informações de Fernando Molica, da CNN no Rio de Janeiro, e do Estadão Conteúdo)

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