A pandemia segue como emergência de saúde pública, diz vice-diretor da OPAS/OMS
À CNN, Jarbas Barbosa ressaltou que queda de casos no Brasil, por conta da vacinação, dá falsa impressão de controle da pandemia
O Brasil registra 32 casos e 5 mortes pela variante Delta, originária da Índia, da Covid-19. As mutações são um dos principais desafios no mundo para o controle da pandemia. É por isso que a Organização Mundial de Saúde fez um alerta dizendo que é preciso manter as medidas necessárias para evitar a contínua propagação da doença pelo mundo.
“A pandemia segue como emergência de saúde pública”, afirmou o vice-diretor geral da OPAS/OMS, Jarbas Barbosa, à CNN. Barbosa avalia que este momento de um começo de redução de casos no Brasil, em consequência do maior volume de vacinação, dá uma falsa sensação de que a pandemia esteja perto do fim.
“Com o aumento da vacinação, começa a redução de casos, as pessoas têm uma falsa sensação de que a pandemia acabou e logo em seguida a gente vê um incremento de casos. Isso aconteceu no Chile, Uruguai e acontece em alguns locais dos Estados Unidos.”
Jarbas Barbosa vive nos Estados Unidos e conta que diversos locais estão enfrentando, neste momento, o que eles chamam de “pandemia dos não-vacinados”.
“Está crescendo muito o número de casos aqui entre os não-vacinados. As hospitalizações cresceram em 30% em uma semana. Isso pode ocorrer no Brasil, pode ocorrer na América-Latina como um todo, e no mundo”, diz o vice-diretor da OPAS.
O Brasil chegou hoje ao sexto mês de vacinação contra a Covid-19. Ao todo, 32,8 milhões de pessoas foram imunizados no país – com duas doses ou com a vacina de dose única: o montante corresponde a 20,6% da população adulta nacional. Com isso, Barbosa diz que a campanha ainda é insuficiente e requer a manutenção das medidas restritivas.
“A vacinação está progredindo [no Brasil], o que é uma excelente notícia, mas ela ainda está longe de alcançar os níveis que nós precisamos para controlar a transmissão. Então, é muito importante manter as medidas de saúde pública, o uso de máscara — que é a medida mais efetiva de se proteger –, e evitar aglomerações.”
A OPAS considera que a pandemia só chegará ao fim quando tivermos a transmissão controlada no mundo inteiro. Ele diz, ainda, que alguns especialistas não consideral possível a total erradicação dos casos em um curto espaço de tempo, “mas que pelo menos se reduza de tal maneira — quando a gente alcançar uns 80%, 85 ou 90% da população mundial vacinada –, que o número de casos seja esporádico, que não interfira na saúde pública, nem na vida da sociedade. Aí sim a pandemia terá terminado”, conclui.