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    40% da população brasileira ainda não tomou a segunda dose, diz epidemiologista

    À CNN, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações ressalta que dose de reforço deve caminhar junto com a finalização do esquema vacinal básico

    Produzido por Ludmila Candalda CNN , em São Paulo

    O Ministério da Saúde anunciou a redução de intervalo para dose de reforço e ampliou para todo o público de 18 anos ou mais a necessidade da terceira dose da vacina contra Covid-19.

    Para a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a decisão é acertada, no entanto, ela chama a atenção para a alta parcela da população que sequer foi aos postos para completar o esquema básico com duas doses.

    “É fundamental que a população entenda que nós temos 40% da população que não tomou a segunda dose e não adianta a gente só olhar para aqueles que já tomaram, estes 60%, e pensar nesta terceira dose, mas deixar de lado estes 40%. Temos que caminhar juntamente neste processo. Finalizar a segunda dose, mas também garantir que, à medida que as pessoas completem o quinto mês de vacinação, já tenham o direito de receber a sua terceira dose.”

    A decisão do Ministério da Saúde em relação a uma terceira dose para todos os adultos não passou pela avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que emitiu uma nota em que afirma não ter sido consultada previamente.

    Sobre isso, Domingues diz que é preciso entender que “o ministério tem a prerrogativa de definir programas de vacinação em função do momento que estamos vivendo”. Mas chama a atenção para a necessidade de uma conversa entre o governo e a agência.

    “Concordo que a discussão com a Anvisa é fundamental. Se ela não aconteceu antes, que aconteça agora porque precisamos da validação da agência porque é ela que vai garantir todo o controle de qualidade do processo de vacinação, toda a validação de documentação, então não podemos abrir mão do papel da Anvisa mesmo numa emergência sanitária.”

    2ª dose da Janssen

    Também na última terça-feira (17), a pasta definiu que todos os brasileiros que tomaram a Janssen como dose única terão que receber uma segunda dose do mesmo imunizante. Após dois meses da primeira aplicação, todos já podem tomar o reforço.

    A orientação da terceira dose segue a mesma lógica dos demais imunizantes, sendo assim, após cinco meses da segunda dose, eles também receberão uma adicional para fortalecer o sistema imunológico contra a doença.

    Carla Domingues explica que este intervalo de dois meses entre a primeira e a segunda dose é o mínimo, mas não há problema em tomar com um intervalo maior. Segundo ela, isso seria mais benéfico.

    “Os estudos têm mostrado que em quem está recebendo essa segunda dose com seis meses, a titulação de anticorpos é quase cinco vezes maior. Então a população vai estar, inclusive, mais protegida com este intervalo mais estendido.”

    A epidemiologista esclarece que a orientação é que a segunda dose da Janssen seja do mesmo imunizante, mas que não há problema em fazer intercâmbio, assim como ocorreu com algumas pessoas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Pfizer.

    “Se não houver disponibilidade naquele posto de saúde quando a pessoa for tomar a vacina, não há nenhum problema em receber uma diferente. Estas misturas de vacina já estão comprovadamente estabelecidas que elas protegem, têm eficácia elevada e, principalmente, é um mecanismo seguro.”

     

    (Publicado por Sinara Peixoto)

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