Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Zanin diverge de Cármen Lúcia e pede rejeição de queixa de Bolsonaro contra Janones

    Ex-presidente acionou o STF por calúnia e injúria após manifestação do deputado

    Ministros poderão dar seus votos entre 10 e 17 de maio — ou seja: até a próxima sexta-feira
    Ministros poderão dar seus votos entre 10 e 17 de maio — ou seja: até a próxima sexta-feira REUTERS/Ueslei Marcelino/Renato Araújo/Câmara dos Deputados

    Douglas Portoda CNN

    São Paulo

    O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), divergiu do voto da ministra Cármen Lúcia nesta sexta-feira (10) e pediu a rejeição da queixa-crime do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o deputado federal André Janones (Avante-MG).

    Relatora do caso, Cármen Lúcia foi favorável a instaurar o processo penal contra Janones para apurar supostos crimes de injúria praticados contra Bolsonaro. O voto dela foi acompanhado pelo ministro Alexandre de Moraes.

    A ação está sendo julgada no plenário virtual. Os ministros poderão dar seus votos entre 10 e 17 de maio — ou seja: até a próxima sexta-feira.

    Voto de Zanin

    Segundo o ministro, a Constituição assegurou imunidade material aos parlamentares, em seu artigo que diz que “deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.

    “Os artigos que disciplinam a imunidade material não se destinam, enfatizo, a tutelar a pessoa natural do congressista, mas, sim, noutra direção, a proteger a miríade de prerrogativas, competências e atribuições relacionadas à sua posição de titular de mandato eletivo”, explica.

    Segundo o magistrado, falas acaloradas e discursos inflamados despontam com considerável frequência no cotidiano dinâmico e difuso do Poder Legislativo.

    Entretanto, para caracterizar o crime de calúnia, Zanin cita ser necessário que a acusação falsa se realize a respeito de um fato específico e definido como crime, o que não acontece no caso de Janones. Já o crime de injúria necessita uma especial intenção de ofender, magoar e macular a honra alheia.

    “No caso dos autos, algumas razões me permitem concluir pela rejeição da presente ação penal privada, dada a ausência de justa causa”, prossegue.

    Extrai-se da própria petição inicial que os comentários e as declarações tidas como ofensivas foram prestadas em contexto de múltiplas manifestações dos dois envolvidos, operando-se, dessa forma, no calor de profundos debates e exaltações

    Cristiano Zanin

    Também é citado que Bolsonaro, em sua manifestação inicial, reconhece que seu nome não é mencionado nas publicações feitas pelo deputado, o que reforça a ausência de crime, na opinião do magistrado.

    Por fim, o ministro disse que teve a mesma decisão de votar pela rejeição em uma ação parecida do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) contra Janones.

    O caso

    Bolsonaro acusa Janones de calúnia e injúria por declarações “ofensivas à sua honra” feitas via perfil do deputado no X (antigo Twitter), em 2023.

    Na ocasião, o deputado se referiu ao ex-presidente como “assassino”, “miliciano”, “ladrão de joias”, “ladrãozinho de joias” e “bandido fujão”.

    A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou a favor de que o STF receba a queixa-crime. Para a PGR, o deputado, “em tese”, “ultrapassou os limites da liberdade de expressão”.

    “O contexto parece completamente estranho ao debate político”, disse o vice-procurador-geral da República Hindenburgo Chateaubriand Filho no parecer.

    No processo, a defesa de Janones argumentou que as afirmações feitas eram “genéricas” e de “cunho abstrato”, já que nome de Bolsonaro não foi mencionado expressamente nos posts.

    Além disso, a defesa busca amparo na tese de que o parlamentar estaria protegido pela imunidade do cargo.