Zambelli diz ter “ignorado conscientemente” resolução do TSE sobre porte de armas
Assessoria da deputada federal diz que ela possui registro de arma para defesa pessoal e que norma do TSE aplica-se apenas a CACs ou ao ingresso em seções eleitorais
A deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) disse, em entrevista a jornalistas neste sábado (29), ter “ignorado conscientemente” a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe o transporte de armas na véspera da eleição.
Zambelli foi filmada entrando em um bar com um revólver em punho nos Jardins, bairro da zona central da capital paulista.
“A resolução é ilegal, e ordens ilegais não se cumprem. Eu conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes, porque ele não é legislador. Ele é simplesmente presidente do TSE e membro do STF. Ele não pode em nenhum momento fazer uma lei. Isso é ativismo judicial”, disse a deputada.
A CNN procurou Alexandre de Moraes para comentar as declarações da deputada e aguarda retorno.
Uma resolução do TSE, de setembro, proibiu o transporte de armas por colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) no dia das eleições, assim como nas 24 horas que antecedem e nas 24 horas seguintes ao dia votação. Segundo a decisão da Justiça Eleitoral, o eventual descumprimento dessa proibição poderia acarretar em prisão em flagrante por porte ilegal de arma.
A assessoria da deputada divulgou nota em que aborda a proibição. “A deputada federal possui registro de arma de fogo para defesa pessoal. A resolução do TSE que proíbe o porte aplica-se apenas aos CACs, ou para ingresso de armas em seções eleitorais”, aponta o texto.
Após o incidente, Carla Zambelli registrou boletim de ocorrência contra os agressores.
As imagens vistas neste sábado mostram a movimentação de algumas pessoas em direção a um bar, localizado em uma esquina. Na sequência, Zambelli aparece na gravação atravessando a rua em direção ao mesmo estabelecimento com uma arma em punho.
Logo após a repercussão, a deputada publicou em suas redes sociais um vídeo em que descreve o ocorrido em primeira pessoa.
Segundo Zambelli, um grupo de homens tentou intimidá-la, e um deles a empurrou no chão. Ela diz ter apontado o revólver na intenção de deter o sujeito até a chegada de policiais militares.
“E aí, quando ele me empurrou, eu caí, eu saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui para poder esperar a polícia chegar. A polícia já está aqui. Aí ele se evadiu, daí eu saquei a arma e saí correndo atrás dele. Pedindo para ele parar, pedindo para ele parar, ele ficou com medo e parou dentro de um bar”, disse.
Políticos e partidos reagem
Após a confusão envolvendo a deputada, opositores e bolsonaristas de manifestaram sobre o caso.
O PT e o Rede Sustentabilidade afirmaram que representarão, na segunda-feira (31), contra a deputada federal no Conselho de Ética da Câmara Federal em virtude da conduta da parlamentar.
“A que ponto chegamos! Uma deputada saca arma no meio da rua e segue uma pessoa para resolver conflito político? Por que ela estava armada? Quem lhe deu essa permissão?”, escreveu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nas redes sociais.
O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), usou suas redes sociais para criticar os homens que, segundo Zambelli, a intimidaram.
“Minha solidariedade à deputada pela covarde agressão que sofreu há pouco de um grupo de petistas. É pessoal que é contra o ódio, sabe?”, escreveu.
Outro dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu em suas redes sociais que “nenhuma mulher merece ser agredida, quanto mais por suas opiniões”. “Todo apoio Carla Zambelli”, completou.
Reeleita, Zambelli foi a segunda deputada mais votada de São Paulo, recebeu 946.244 votos e apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Fotos: O último debate do segundo turno
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